Os 12 trabalhos de Tsipras depois da vitória

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De  Luis Guita
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Alexis Tsipras renovou o seu mandato, o líder do Syriza permanece como primeiro-ministro da Grécia por mais quatro anos. Mas, mal acabe de saborear a

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Alexis Tsipras renovou o seu mandato, o líder do Syriza permanece como primeiro-ministro da Grécia por mais quatro anos.

Mas, mal acabe de saborear a vitória
e o novo parlamento seja constituído, os legisladores vão ter de enfrentar a realidade; terão de votar nada menos que 31 medidas exigidas pelos credores e assinadas por Tsipras a 13 de julho, em troca de um novo resgate.

Medidas duras mas inevitáveis, segundo o analista e professor de Ciências Políticas na Universidade de Atenas, Dimitris Sotiropoulos:

“Restam poucos meses até ao final do ano e é neste período muito curto que temos de executar a recapitalização dos bancos. Se isso não acontecer é muito provável que venha a acontecer um bail-in, o que irá afetar drasticamente os depósitos dos cidadãos gregos nos bancos gregos “

Segundo os termos do acordo de julho, Atenas vai ter um terceiro resgate no valor de 86 mil milhões de euros, dos quais a primeira parcela de 3 bilhões de euros chegará em novembro, e a abertura de negociações sobre a reestruturação da dívida grega.

Mas, antes, o Parlamento terá de aprovar o aumento do imposto sobre o rendimento dos agricultores, passando de 13% para 26%, uma medida que enfrenta grande contestação.

A isto ainda se deve somar o aumento de três pontos percentuais, até 29%, no imposto sobre o rendimento dos empresários em nome individual e empresas.

O novo governo também irá reestruturar os fundos de pensões, o que implica reduções importantes no rendimento dos pensionistas, já atingidos por seis anos de austeridade. Além disso, a pensão mínima, 360 euros em 2015, será indexada à evolução do PIB e dos preços, o que pode levar a uma redução automática das pensões, dado que a Grécia está em recessão e deflação.

O correspondente da Euronews em Atenas, Stamatis Giannisis, avança com mais esclarecimentos sobre o momento que a Grécia atravessa:

Euronews: O Syriza superou as expectativas até mesmo dos apoiantes mais otimistas e conseguiu uma vitória esmagadora contra a Nova Democracia. Como é que foi possível?

Stamatis Giannisis: O resultado das eleições mostrou claramente que o Syriza e Alexis Tsipras, em particular, continuam a ser muito populares para a maioria dos gregos; apesar do fato de, em julho passado, o partido da esquerda radical ter feito uma inversão política espetacular e ter aceite os termos ditados pelos credores da Grécia, em troca de um novo acordo de resgate. Mas o Syriza foi mais uma vez a votos com o Sr Tsipras como ponta de lança e conseguiu uma vitória inquestionável sobre o seu rival de centro direita, o Sr. Meimarakis, que aos olhos dos eleitores apareceu muito velho e muito conservador em comparação com Alexis Tsipras.

E: Uma das razões de Alexis Tsipras ir a votos foi a divisão no seio do próprio partido. Mas a ala de extrema-esquerda do Syriza, a União Popular não conseguiu nenhum lugar no parlamento. O que se passou?

SG: Foi uma surpresa o fato de a União Popular não ter conseguido um único lugar. Isto apesar de mais ou menos um quarto dos Deputados e executivos do Syriza no parlamento anterior ter deixado o partido quando o Sr. Tsipras acordou os termos do novo acordo de resgate com os credores do país.
Mas o que acabou por se ver foi que este partido rebelde acabou por ficar entalado entre o Syriza e do Partido Comunista da Grécia. Enquanto outros eleitores anti-resgate optaram por abster-se ou votar em partidos de extrema-esquerda, que também não conseguiram lugares no Parlamento.

E: O Sr. Tsipras insiste em continuar a governar com a ajuda do seu parceiro de ultra direita, o Partido Grego Independente. Por que é que ele insiste nesta aliança ideologicamente quase profana, quando existem pelo menos três partidos de centro e centro-esquerda na oposição? Sem falar que, antes das eleições, o centro-direita Nova Democracia apoiou o Syriza no Parlamento a quando do acordo com os credores.

SG: Apesar de ideologicamente incompatível, nesta fase a parceria com o partido dos Gregos Independentes é uma escolha mais segura para o Sr. Tsipras. Além da necessidade de comandar uma maioria parlamentar, para permanecer no poder, ele também quer dominar o espetro político grego do centro – esquerda. O continuar da sua aliança com um partido de extrema-direita faz com que não tenha de dividir o poder com um partido ideologicamente próximo, pelo menos por agora. Embora seja possível que no futuro o Syruza venha a fazer tais alianças desde que continue a manter o papel principal no centro-esquerda da Grécia.

E: O Sr. Tsipras afirmou que o mandato claro que conquistou ontem lhe dá a oportunidade de apresentar a sua visão. Também disse que o seu governo vai começar a trabalhar imediatamente. O que podemos esperar, dado que muitas reformais duras terão de ser implementadas rapidamente?

SG: A: Este novo governo tem um período muito duro pela frente. Dentro do próximo mês e meio, uma série de medidas de austeridade resultantes do acordo de julho do ano passado com os credores, tem de ser aprovada pelo Parlamento. Isso não vai ser tão fácil porque desta vez o Sr. Tsipras vai ter toda a oposição no parlamento contra ele. Mas também serão tempos difíceis porque muitos cidadãos virão para as ruas protestar contra a austeridade e contra aquilo que consideram como a violação dos seus direitos sociais e profissionais, por causa do novo plano de resgate.

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