Pouco antes da meia-noite em Idomeni. Os refugiados esperam pela luz verde, são os próximos na fila para passarem a fronteira para a Macedónia.
Pouco antes da meia-noite em Idomeni. Os refugiados esperam pela luz verde, são os próximos na fila para passarem a fronteira para a Macedónia. A porta está apenas a alguns metros, mas eles não sabem quando ou se os guardas vão abri-la.
“Quero ir para a Alemanha, o meu marido estã lá…”, diz uma mulher – Ele está na Alemanha? – “Sim”. – A senhora está grávida? – “Sim. Grávida de nove meses”.
Muitos sabem bem que vão ainda passar muitas noites em Idomeni. É por isso que se batem para conseguirem alguma comida e roupas.
A voluntária, Marilena Zarfdjian, não consegue conter as lágrimas quando fala do drama dos refugiados:
“Nem consigo falar… são humanos. Nós vivemos no nosso conforto, nas nossas casas. Claro que temos os nossos problemas e temos uma crise económica, mas eles não têm como sobreviver”.
Mesmo durante a noite, voluntários vindos de Salónica distribuem comida aos refugiados. Diariamente alugam uma camioneta e vêm trazer o que as pessoas lhes dão.
“Enquanto seres humanos, sentimos necessidade de vir a Idomeni ajudar estas pessoas em sofrimento. Estão exaustas e estão retidas aqui à espera que as fronteiras abram. Algumas já chegaram há quinze dias. Não têm nada para comer”, afirma Dimitris Papageorgiou
A fome não é o único inimigo. O mau tempo, com chuva intensa, que os obriga a dormirem na lama, é a face mais visível do drama. Mas, a única coisa que pedem é autorização para passar a fronteira e prosseguirem o caminho.
“Isto aqui é muito mau. Está a chover, é tudo muito sujo. Estamos muito cansados e não temos comida”, queixa-se uma mulher, acrescentando: “Queremos ir para a Alemanha, para a Alemanha”.
O nosso repórter, Apostolos Staikos fala do sentimento de refugiados e gregos:
“Muitos refugiados e migrantes, já se aperceberam que não vão chegar aos destinos com que sonham. Os gregos também já perceberam que muitos dos que abandonaram os respetivos países, vão permanecer na Grécia… talvez durante anos.”