"O que a Grécia necessita é de um alívio da dívida para a economia descolar" - Tsipras

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Alexis Tsipras rejeita mais medidas de austeridade. Em entrevista exclusiva à euronews, o primeiro-ministro grego afirma que o país está a sair da

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Alexis Tsipras rejeita mais medidas de austeridade. Em entrevista exclusiva à euronews, o primeiro-ministro grego afirma que o país está a sair da crise e mais austeridade seria um retrocesso.

As negociações entre a Grécia e os credores internacionais estão a decorrer, em Atenas.

Foram feitos alguns avanços mas existem, ainda, algumas divergências sobre os objetivos orçamentais da Grécia. Os credores ponderam pedir a Atenas medidas adicionais se o país não atingir o objetivo de um excedente orçamental primário de 3,5% do Produto Interno Bruto em 2018.Os dados do Eurostat, divulgados na quinta-feira, apontam para um superavit no saldo orçamental primário de 0,7% em 2015, ultrapassando as estimativas do memorando de resgate.

Atenas espera que isto evite mais medidas
de austeridade, como sugerido pelo Fundo Monetário Internacional.

A euronews entrevistou Alexis Tsipras em Atenas.

Primeiro-ministro Alexis Tsipras, os dados do Eurostat sobre o desempenho da economia grega são melhores do que o esperado. Mas, ainda há um longo é árduo caminho pela frente. Como é que avalia estes resultados? “Em 2015, o desempenho da política fiscal da Grécia excedeu as expectativas, e não nos podemos esquecer o quão difícil foi esse ano. Tivemos duas eleições gerais, um referendo, bancos encerrados e uma crise de refugiados sem precedentes, que caiu quase na totalidade nos ombros da Grécia.

Apesar disso tudo, o que é que nos dizem os dados do Eurostat? Dizem que tivemos um superavit primário de 0,7% em vez de um défice previsto de 0,25%. Isto quer dizer que excedemos os objetivos do programa em quase 1%. Não podemos esquecer que, paralelamente, o FMI projetava um défice entre 0,6 e 1%. O resultado foi melhor do que as projeções do FMI em cerca de 2300 milhões de euros. E fizemos isto tudo num ano de muitas dificuldades. Nada aconteceu por acaso, aconteceu porque tivemos visão, paciência e persistência no nosso trabalho.

Mantivemos a despesa baixa, demos uma lufada de ar fresco à economia através do Quadro de Referência Estratégica Nacional, que permitiu injetar outros 5000 milhões de euros na economia grega e a Grécia foi, pela primeira vez, o país que mais executou esses fundos. Também tivemos um bom ano no turismo, ultrapassamos os nossos objetivos em termos de receita para o Estado em 2000 milhões de euros e conseguimos reduzir o desemprego em 1,5%.

Este ajustamento fiscal não-agressivo centrou-se na preocupação pela proteção dos mais frágeis, dos que contam com rendimentos médios e baixos e também na defesa do Serviço Nacional de Saúde e do sistema educativo. O processo está a dar frutos e a economia grega parece agora estar no limiar da recuperação. As profecias das ‘Cassandras’ dos tempos modernos, que diziam que estávamos a destruir a economia enquanto negociávamos, foram cabalmente desmentidas. Agora é chegado o tempo de tomar as decisões certas”.

Sente que estes desenvolvimentos vão ajudar a lançar a discussão sobre a renegociação da dívida?Penso que neste momento preciso, como temos um quadro claro a indicar que a economia grega está à beira de sair da crise, temos todos de tomar as decisões corretas. Isto significa que a Grécia está na reta final e necessita de um empurrão para a frente, não para trás. É necessário que os que cometeram erros crassos, com escolhas e projeções erradas não sejam autorizados a cometer os mesmos erros novamente. A Grécia tem um excedente primário de 0,7%, ou seja, 1% acima dos objetivos e não precisa de medidas (de austeridade) adicionais. O que a Grécia necessita é de um alívio da dívida para a economia descolar. A confiança dos investidores vai regressar e vamos, finalmente, voltar a crescer.

Neste momento decisivo, não podemos de nenhuma forma deixar que alguns conduzam este país de novo para o sombrio terreno da recessão. Temos de avançar e superar esta crise de uma vez por todas”.

Acredita que a magra maioria de três deputados, que tem no Parlamento, é suficiente para aprovar todas as medidas de austeridade que tem de fazer passar?“Pela primeira vez, na Grécia, um governo recebeu um mandato para implementar um acordo muito difícil depois de o acordo ser assinado e não antes. Pela primeira vez, o povo grego sabia o que estava em cima da mesa e por isso não há qualquer problema no que respeita à implementação do acordo. Nessa matéria, insistimos no conteúdo do acordo e pedimos nem mais nem menos do que foi acordado. O acordo será honrado. O país vai sair da crise e a nossa maioria parlamentar é suficiente, se não deixarmos ninguém colocar pesos adicionais àqueles que já estão previstos no acordo. E, seguramente, eles não têm qualquer justificação para insistir em algo do género, dados os resultados, os números e a própria realidade, que os contradiz”.

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