Turquia: Impacto do golpe de Estado falhado

Turquia: Impacto do golpe de Estado falhado
Direitos de autor 
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

A Turquia é um país estrategicamente importante.

PUBLICIDADE

A Turquia é um país estrategicamente importante. Da Europa à Ásia, todos reconhecem o papel que desempenha na estabilidade do Médio Oriente

Que efeitos podem ter o golpe de Estado falhado na região e além-fronteiras?

Olhemos para os efeitos que a instabilidade na Turquia poderia ter nas relações com a União Europeia, Estados Unidos, NATO e na luta contra o autoproclamado Estado Islâmico.

Combate ISIL

O empenho de Ancara na luta contra o autoproclamado Estado islâmico já foi posto em causa”:http://www.thenational.ae/world/europe/syrians-increasingly-sceptical-of-turkeys-promised-actions, principalmente, porque os extremistas também combatem os curdos, considerados inimigos do regime turco.

O cientista político, Cengiz Aktar defende que a “Turquia sempre foi um aliado da coligação internacional no combate ao ISIL” e que a tentativa falhada de golpe de Estado não vai mudar a posição de Ancara.

O britânico, Brian Klaas, da London School of Economics acredita, no entanto, que esta situação possa vir a alterar as prioridades do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. A detenção de milhares de militares, alegadamente, envolvidos no golpe falhado é disso exemplo.

“Vai tornar-se muito mais paranoico. Isso acontece praticamente sempre que os golpes de Estado não são bem-sucedidos. Há quase sempre uma reorientação posterior na consolidação interna do poder que leva a uma reorientação do foco do regime e a um distanciamento no que toca aos combates ligados à política externa” afirma Klaas.

Crise de Refugiados

A Turquia tem desempenhado um papel fundamental na crise de migrantes na Europa tendo recebido milhões de refugiados sírios.

O acordo assinado entre Ancara e Bruxelas em março de 2016 contribuiu para reduzir o número de migrantes no clube dos 28.

Ao abrigo do acordo, todos os refugiados que entraram ilegalmente na Grécia foram obrigados a regressar à Turquia.

Nesse sentido, a União Europeia duplicou o volume da ajuda financeira para os refugiados sírios de 3 mil milhões de euros iniciais para 6 mil milhões de euros.

O professor Aktar minimiza, no entanto, o impacto do acordo na gestão da crise dos refugiados.

Que efeitos pode ter esta tentativa de golpe de Estado no fluxo de refugiados?

Klaas defende que tanto o regime como os mentores do golpe reconhecem a importância da relação da Turquia com o Ocidente e afasta a hipótese de Ancara rasgar os acordos internacionais, como o que foi assinado sobre os refugiados.

Uma opinião partilhada pelo especialista Marc Pierini, do think tank Carnegie Europe:http://carnegieeurope.eu/strategiceurope/?fa=64106.

“Várias vozes recearam que o acordo sobre os refugiados assinado em março de 2016 entre a União Eurpoeia e a Turquia estivesse em perigo na sequência da tentativa de golpe” adianta Pierini.

Adesão à União Europeia

Há muito que a violação à liberdade de imprensa na Turquia levanta dúvidas sobre a concretização do que para Ancara parecia ser um sonho: aderir à União Europeia”:http://www.euronews.com/2016/03/08/turkey-s-eu-hopes-dashed-amid-press-crackdown-blind-eye/.

Uma possibilidade que segundo Klaas e o Professor Aktar pode vir a ser posta de parte na sequência das detenções em massa que se seguiram ao golpe de Estado falhado.

PUBLICIDADE

“Há muito que as relações entre a Turquia e a União Europeia esmoreceram e um abanão pode deitar tudo a perder” afirma o professor Aktar. A reintrodução da pena de morte pode fechar a porta definitivamente. Bruxelas já avisou que nenhum país com pena de morte pode ser membro da União Europeia.

NATO

A Turquia tem o segundo maior exército da NATO. Mas a detenção de milhares de militares pode, segundo alguns analistas, representar uma ameaça à capacidade de Aliança Atlântica.

“A NATO quer um exército turco poderoso porque é um parceiro estrategicamente importante na Síria. Mas, ao mesmo tempo, Erdogan encara o golpe como uma ameaça à estabilidade e sobrevivência de regime,” refere Klaas.

Relações com os Estados Unidos

Erdogan responsabiliza o clérigo muçulmano Fethullah Gullen, exilado nos Estados Unidos pela tentativa de Golpe de Estado. Washington convida Ancara a partilhar provas que tenha contra o alegado instigador exilado nos EUA.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Responsáveis da discoteca que ardeu em Istambul detidos para interrogatório

Incêndio em discoteca de Istambul faz dezenas de mortos

Vitória da oposição é sinal de "ingratidão", dizem apoiantes de Erdoğan na Turquia