Procurador-geral de Washington desafia Donald Trump

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De  Francisco Marques
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Em entrevista concedida domingo, Bob Ferguson admite chamar a depor responsáveis da atual Administração norte-ameicana para expor reais motivações do bloqueio anti-imigração.

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O eventual recurso da Casa Branca para o Supremo Tribunal dos Estados para tentar reverter a suspensão da ordem executiva anti-imigração que Donald Trump pretende impor levou o Procurador-geral de Washington a deixar este domingo uma ameaça no ar.

Em entrevista este domingo ao programa “This Week” (“Esta semana”), da estação de televisão norte-americana ABC, Bob Ferguson, o advogado democrata que tem vindo a encabeçar a resistência jurídica às novas políticas anti-imigração da Casa Branca, avisou: “Se o caso continuar, podemos requerer depoimentos a oficiais da Administração, podemos pedir documentos e correios eletrónicos para perceber o que de facto motivou aquela ordem executiva.”

Bob Ferguson garante usar “todas estas ferramentas legais” para dar continuidade ao caso e não rejeitou colocar o próprio Presidente a depor. “ O meu trabalho, como Procurador-geral, é fazer respeitar a lei neste país e irei recorrer a todas as ferramentas que tiver à disposição para garantir que o Presidente respeite a Constituição.”

Donald Trump assinou a controversa ordem executiva anti-imigração a 27 de janeiro, o mesmo dia em que suspendeu o programa norte-americano de acolhimento de refugiados.

O bloqueio imposto pelo Presidente foi justificado com questões de segurança nacional, pretendia evitar a entrada no país de terroristas, mas tinha por alvo cidadãos indiscriminados oriundos de sete determinados países de maioria muçulmana: Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen. Durou pouco.

Jogador de xadrez, Bob Ferguson revela ter sido através da caça aos reis nos tabuleiros que aprendeu a antecipar as jogadas, as ameaças ou os ataques dos adversários.

Por tudo o que havia sido assumido pelo novo Presidente e pelos responsáveis à sua volta, o Procurador-geral de Washington já vinha há algum tempo a preparar a resposta para uma medida deste género.

No mesmo dia em que a ordem executiva foi assinada, Ferguson viajou da Florida para Washington e foi de imediato para Seattle, onde tinha já uma equipa liderada pelo solicitador-geral Noah Purcell e a líder da unidade de direitos humanos do gabinete, Collen Melody, a preparar um processo legal estatal.

Attorney General Ferguson: 'The future of the Constitution is at stake' https://t.co/OEhLQbf3RH via seattlepi</a></p>&mdash; WA Attorney General (AGOWA) 10 de fevereiro de 2017

Trabalharam durante o fim de semana e justificaram o apelo à suspensão do bloqueio anti-imigração com o prejuízo que iria implicar nas universidades, nos negócios, na coleta de impostos e inclusive nos residentes de Washington.

Cerca de uma semana depois, o juiz distrital de Seattle James Robart, um Republicano escolhido por George W. Bush, emitiu a ordem de suspensão da ordem executiva de Donald Trump.

SEE YOU IN COURT, THE SECURITY OF OUR NATION IS AT STAKE!

— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 9 de fevereiro de 2017

A administração de Donal Trump recorreu e três juízes do nono circuito dos Tribunais de Apelo norte-americanos, sediado em São Francisco, decidiram a favor da suspensão do bloqueio.

Uma decisão unânime, que levou Hillary Clinton, a candidata Democrata derrotada por Trump nas Presidenciais a reagir de forma lacónica: “3-0.”

3-0

— Hillary Clinton (@HillaryClinton) 10 de fevereiro de 2017

A Casa Branca ainda pode recorrer para o Supremo Tribunal, mas Donald Trump também já admitiu que poderá optar por reformular a ordem executiva e relança-la com uma nova versão.

Bob Ferguson, no entanto, já avisou: “Se Trump assinar uma nova ordem sobre a imigração, é melhor que ela respeite a lei ou será desafiada.”

Ferguson: If Trump signs new immigration order, it better be within law or it will be challenged https://t.co/IWaUFTSwa5 via Q13FOX</a></p>&mdash; WA Attorney General (AGOWA) 11 de fevereiro de 2017

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