Jornalistas mexicanos pedem liberdade de imprensa

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De  Antonio Oliveira E Silva
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México é um dos países mais mortíferos do mundo para exercer a profissão, segundo organizações internacionais.

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Com EFE e Reuters

Um grupo de jornalistas concentrou-se na praça de Zocalo, na Cidade do México para protestar contra os assassinatos de companheiros no terreno e para pedir ao presidente Enrique Peña Nieto que tome medidas para melhorar as condições de trabalho dos profissionais dos media do país hispano, onde foram assassinados oito jornalistas só este ano.

Pintaram, no chão, o termo #SOSPRESS em frente à sede do Governo Federal mexicano, o Palácio Nacional.

A manifestação ocorreu depois de ter sido encontrado o corpo de um jornalista mexicano raptado no passado mês de maio em Múgica, estado de Michoacán (oeste), conhecido pela violência, nomeadamente contra os jornalistas.

Salvador Adame “tinha problemas” com um narcotraficante

As autoridades confirmaram que se tratava do corpo de Salvador Adame, repórter audiovisual de 50 anos, que apareceu calcinado na região de Terra Caliente (Michoacan). Tinha sido sequestrado por um grupo armado no passado mês de maio.

A imprensa mexicana diz que Adame terá sido assassinado por um grupo de sicários (assassinos a soldo) por ordem de Feliciano Ledezma, narcotraficante conhecido como “el Chano Peña”. O jornalista tinha recebido vários prémios pela cobertura de temas ligados ao narcotráfico.

México, mortífero para jornalistas

Segundo várias organizações de Defesa dos Direitos Humanos, o México é, este ano, o país mais mortífero para jornalistas.

O Comité para a Proteção dos Jornalistas diz que, desde janeiro, foram mortos vários profissionais dos media por motivos diretamente relacionados com conteúdo publicado.

A agência EFE refere que foram assassinados pelo menos oito jornalistas, em diferentes estados mexicanos: Maximino Rodríguez, Cecilio, Pineda, Rciardo Monlui, Miroslava Breach, Filiberto Álvarez, Johathan Álvarez e Javier Valdez.

Segundo a Justiça mexicana, o número de casos de jornalistas vítimas de violência tem subido nos últimos anos. Os dados são do passado mês de maio e apontam para um aumento de ataques e intimidações, assim como de assassinatos, nos últimos 12 meses.

Só em maio deste ano, foram realizadas mais de duas mil investigações criminais relacionadas com assassinatos, o número mais elevado em 20 anos.

Crimes impunes e medo generalizado

A organização internacional “Article 19”: relatou que a impunidade relativa a delitos no México é de 98%, mas, quando se tratam de crimes relacionados com jornalistas, a taxa sobre para 99,75%.

Em seis anos, a Article 19 deu conta de mais de dois mil ataques contra jornalistas, que resultaram na abertura de cerca de 800 investigações por parte das autoridades. No entanto, apenas três casos foram resolvidos.

Mas a violência contra jornalistas não é levada a cabo, na maioria dos casos, por elementos de organizações criminais. A mesma organização diz que 53% dos casos têm origem em funcionários públicos de diferentes níveis.

Um estudo apresentado pela Universidade Nacional Autónoma do México, da capital Federal, diz que 41% dos jornalistas que cobrem, de forma regular, temas relacionados com violência sofrem de stress pós-traumático.

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Governo de Peña Nieto suspeito de espiar jornalistas

Na semana passada, o diáro The New York Times, dos Estados Unidos, revelou um escândalo que envolve o Executivo mexicano numa rede de espionagem contra jornalistas, ativistas sociais e defensores dos Direitos Humanos.

O presidente Peña Nieto causou polémica ao responder que “ele também se sentia espiado”, dizendo que “não havia qualquer prova” de que o seu Governo tivesse levado a cabo esse tipo de práticas.

A Procuradoria-Geral mexicana disse que tem a intenção de “esgotar todas as linhas de investigação para assegurar-se de que todos os jornalistas e defensores dos Direitos Humanos possam exercer a sua profissõ de forma livre.”

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