O Lehman Brothers faliu há dez anos, arrastando consigo a economia mundial, na pior crise financeira desde os anos 30 do século XX.
Já passaram 10 anos desde o colapso do banco Lehman Brothers, o ponto de partida da crise financeira global, com uma onda de choque nas instituições financeiras, que levou à mais profunda recessão mundial desde a crise dos anos 30 do século XX.
O Lehman negociava derivados complexos, com base nas hipotecas que não resisitiram ao rebentamento da bolha imobiliária.
No testemunho perante a comissão financeira do congresso, o presidente do Leman Brothers, Richard Fuld, afirmava não saber "como poderia ter feito as coisas de outra maneira".
As consequências foram desastrosas, com um risco sistémico que ameaçou derrubar todo o sistema financeiro, como admitiu o então secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson: "Assistimos na semana passada a uma turbulência tal no mercado, que se espalhou para o resto da economia".
A tormenta não só atingiu a economia norte-americana como passou para o outro lado do Atlântico. Alistair Darling era o ministro das Finanças do Reino Unido, teve que enfrentar a falência do Royal Bank of Scotland (RBS) e conta:
"O meu secretário pediu-me que atendesse uma chamada do presidente do RBS. Não me surpreendeu que me telefonasse, mas ele disse: 'estamos a sofrer uma hemorragia de dinheiro'. Eu respondi: nós temos um plano, estamos quase prontos. Quanto tempo podem aguentar?Houve um silêncio e ele respondeu: 'Vamos ficar sem dinheiro durante a tarde, dqui a duas ou três horas'. Foi um dos poucos telefonemas que me causou arrepios..."
Mais tarde, o congresso dos Estados Unidos aprovou uma lei de regulamentação do mercado, com supervisão de todos os produtos financeiros destinados ao consumidor e um novo enquandramento para as grandes empresas financeiras não bancárias.
No passado mês de maio, a administração Trump revogou algumas destas regras.
Na última década os mercados estabilizaram, mas não estão ao abrigo de uma nova crise, como reconhece a diretora do FMI, Christine Lagarde: "Porque não sabemos de onde virá a próxima crise, temos que continuar muito atentos particularmente ao sistema bancário paralelo e ao papel que a tecnologia financeira desempenhará no sistema financeiro daqui para frente, tendo em mente a estabilidade. Não se trata de restringir a inovação, nem de manter o ceticismo, mas de ter a estabilidade como objetivo".
Com a interconectividade e a crescente dependência das tecnologias, a próxima crise financeira pode vir a qualquer momento e ser desencadeada por um ciber-ataque.