Esports quer lugar nos Jogos Olímpicos

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De  Euronews
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Os jogadores e promotores de esports, uma forma de competição com recurso a videojogos, quer que este seja integrado nas Olimpíadas. O Comité Olímpico Internacional promete analisar a questão.

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O esports, uma forma de competição com recurso a videojogos, não gera os rendimentos das competições desportivas tradicionais, mas estar em franco crescimento. O setor fatura cerca de 700 milhões de euros, anualmente, e os 300 milhões de aficionados colocam-no como um dos mais populares do mundo, mas será que o esports receberá o maior reconhecimento desportivo e será integrado nos Jogos Olímpicos?

“Obviamente, o aspeto físico é menor em videojogos do que no futebol, mas todo o resto: estratégia, jogo de equipa, vontade de vencer, emoção de vencer, medo de perder, é tudo a mesma coisa! Não é muito diferente dos desportos tradicionais”, disse à euronews Ralf Reichart, presidente executivo e cofundador da ESL - a maior empresa de esports do mundo - na edição de 2018 da Web Summit, em Lisboa.

O Comité Olímpico Internacional (COI) pretende analisar a questão do esports. Em junho de 2018, o COI e a Associação Internacional de Federações Internacionais Desportivas (AIFID) realizaram um fórum conjunto com comunidades de esports e da indústria dos videojogos para aumentar a colaboração e “Definir uma plataforma para um compromisso futuro”.

Estão a ser discutidos alguns cenários que abordam uma possível integração nas Olimpíadas: um é que o esports entre nos Jogos como um desporto medalhado, como qualquer outro, outro é que seja criado como um evento separado, como os Jogos Paraolímpicos - com um conjunto diferente de regulamentos, mas ainda sob a alçada do Comité Olímpico Internacional. No entanto, durante o fórum de 2018, o COI referiu que, sem uma organização que represente o esports na sua globalidade, que pudesse alinhar-se com os valores, regras e regulamentos olímpicos, a sua inclusão não poderia ser, realmente, considerada.

Embora a realização do fórum conjunto pareça ser um passo promissor para o esports, um mês depois, o presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, disse à Associated Press: “Não podemos ter no programa olímpico um jogo que promova violência ou discriminação. Do nosso ponto de vista, são contrários aos valores olímpicos e, portanto, não podemos aceitá-los”.

O presidente executivo e cofundador da ESL não considera esse argumento muito convincente: “São, basicamente, pessoas que nunca jogaram os jogos... No final das contas, é muito menos violento do que esgrima, que é sobre matar alguém com uma espada real. Penso, ainda, que é um equívoco e creio que as pessoas que cresceram com os videojogos terão uma visão diferente”.

Os recentes comentários negativos do líder do COI não abrandaram a crença de Ralf Reichart de que o esports será integrado nas Olimpíadas, mais tarde ou mais cedo: “Isso vai acontecer, é apenas uma questão de quando. Os desenvolvimentos mais recentes indicam que irá demorar mais do que os próximos 2 ou 4 anos, mas que isso vai acontecer, sem dúvida.”

Uma crítica que comummente fazem ao esports é que o videojogo não é suficientemente físico para ser considerado um desporto. Reichart reponde: “O meu argumento será sempre diferente, então aceita-se ou não. Se quisermos compará-lo com um desporto tradicional, de repente, mais físico do que o golfe, que é, amplamente, considerado um desporto”.

Para outros, as principais preocupações envolvem a saúde física dos jogadores. Foi uma questão levantada por Meeta Singh, chefe de Medicina do Sono no Sistema de Saúde Henry Ford, nos Estados Unidos da América, no evento Web Summit, onde citou a falta de aptidão e privação de sono: “Só colocando o bem-estar do jogador em primeiro lugar é que entra nas Olimpíadas. Essa configuração exige uma equipa médica e um treinador desportivo, um psicólogo, um nutricionista...”

Singh pediu, também, regulamentação para lidar com o doping e padronizar as horas de prática para proteger os jogadores.

Ralf Reichart mostra-se um pouco mais hesitante quando se trata de regulamentação. Embora apoie uma equipa oficial dos jogadores e faça, já, testes de doping nos seus eventos, ele é contra qualquer interferência do Governo no jogo: _“Não queremos que um governo ou um COI mudem o esports porque acham que faz sentido. Vimos isso acontecer com as ligas de futebol e o resultado... Preferimos que as mudanças venham de baixo para cima e não de cima para baixo."
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Parece que o esports tem, ainda, um longo caminho pela frente antes de ser integrado nas Olimpíadas, mas definitivamente está no caminho certo. De qualquer maneira, isso não fará muita diferença para a indústria comercial que está em expansão (grandes marcas como Mercedes, McDonald's e Vodafone estão, já, envolvidas), mas para muitos dos jogadores e aficionado, é o 'santo graal' da conquista desportiva e marcará a real integração do jogo no mundo desportivo.

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