Ato VIII: os "coletes amarelos" de volta às ruas

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Direitos de autor Reuters/Christian Hartmann
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De  Francisco Marques com France Press
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Protesto antigoverno convocado em França pelo oitavo sábado consecutivo e desta vez reforçado pela recente detenção de um dos promotores do movimento

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A oitava mobilização do protesto dos "coletes amarelos" em França está a ser convocada para este sábado.

É o chamado "Ato VIII" de uma manifestação que começou a 17 de novembro com diversos bloqueios de estradas e uma revolta urbana que se foi agravando nos sábados seguintes.

Começou por ser contra o recorrente aumento dos combustíveis, que já tinha um novo agravamento previsto para este início de 2019; passou a contestar também a diminuição do poder de compra da classe média francesa; mas agora parece sobretudo um protesto centrado no Presidente Emmanuel Macron.

"Ele prejudicou-se a si próprio. Primeiro, pelo silêncio, depois pelas respostas que deu. Lixou-se a ele mesmo. Está acabado. Nas eleições europeias, pode fazer as malas", defendeu o parisiense Michel Geraud, de 80 anos, em declarações à agência Reuters, nada impressionado pelas medidas anunciadas pelo chefe de Estado a 10 de dezembro, incluindo o aumento de 100 euros do salário mínimo sem sobrecarregar os patrões.

No pimeiro conselho de ministros do ano, o executivo reuniu-se esta sexta-feira já avisado da preparação de um protesto nacional pelo oitavo sábado consecutivo.

Macron insistiu nas reformas prometidas e o governo denunciou, peo respetivo porta-voz, o movimento ainda ativo dos como um mero "bando de agitadores".

"O movimento que se assume 'coletes amarelos', os que se mantêm mobilizados pelo menos, tornou-se num bando de agitadores que apenas pretendem uma revolta e a queda do governo", acusou Benjamin Griveaux, reforçando a posição já assumida pelo presidente no discurso de Ano Novo de que há apenas alguns a querer falar por todo um país.

O protesto perdeu força nos derradeiros "atos" de 2018, mas, entretanto, parece ter ganho força depois de as autoridades terem detido e interrogado na quarta-feira Éric Droue, considerado uma das figuras emblemáticas dos "coletes amarelos", sob acusação de organizar uma manifestação não autorizada.

Foi a segunda vez que Drouet foi interriogado pelas autoridades depois de ter sido interpelado a 22 de dezembro por porte ilegal de uma matraca e pelo qual deverá ser julgado a 05 de junho.

A detenção de Drouet foi inclusive criticada pelo líder do partido nacionalista de esquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, candidato derrotado por Macron nas presidenciais de 2017.

O "Ato VII" dos "coletes amarelos" deverá fazer-se sentir um pouco por toda a França, sobretudo em Paris, onde a segurança deverá ser uma vez mais altamente reforçada.

Para os Paços do Conselho, na capital francesa, está prevista uma concentração às 14 horas, com a leitura de uma carta aberta dirigida a Emmanuel Macron, na qual é pedido ao Presidente que escute os franceses.

Em Toulouse, já motivou mesmo o adiamento para domingo do jogo de futebol que marca a visita do Nice ao clube local, num dos vários duelos da nona eliminatória da Taça de França entre clubes da Ligue 1.

Uma sondagem recente pela Odoxa Dentsu indica que 55% dos franceses apoiam o movimento dos "coletes amarelos", revelando um ligeiro aumento face a uma outra sondagem publicada no final de dezembro. Em simultâneo, 45% defendem o fim dos protestos.

Apenas 25% se consideram satisfeitos pelo rabalho do executivo de Macron.

Outras fontes • Le Figaro

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