Um debate pela Turquia: candidatos à câmara de Istambul trocaram argumentos em vésperas de novas eleições após vitória da oposição a Erdogan.
Quase três horas de um debate histórico porque praticamente inédito na Turquia dos últimos anos. Em causa: as novas eleições para a câmara de Istambul, depois da anulação do último escrutínio por alegadas irregularidades.
Para Binali Yildirim, o derrotado candidato do AKP, o partido do presidente Recep Tayyip Erdogan, não havia necessidade de ter chegado até aqui.
"Por nós, não haveria novas eleições. Fizemos tudo o que podíamos para evitar esse cenário, mas o CHP não aceitou a recontagem dos votos. Por isso, temos de ir outra vez a eleições", apontou.
"Quem ganha em Istambul, ganha a Turquia". O autor da frase é o próprio Erdogan e a verdade é que, no passado dia 31 de março, foram os sociais-democratas do CHP a vencer por uma diferença de 13 mil votos.
"Este novo escrutínio representa a luta pela democracia contra aqueles que enganaram 16 milhões de pessoas e tentaram usurpar os seus direitos", declarou Ekrem Imamoglu, o candidato do CHP.
As urnas vão reabrir já no próximo domingo, dia 23. E o mínimo que se pode dizer é que a comunidade internacional está atenta.
Segundo o analista político Umar Farooq, "há muita gente na Turquia revoltada contra o facto de Yildirim não aceitar a derrota. Vamos ver o que acontece nas eleições da próxima semana. Mas, de acordo com as sondagens, Imamoglu é o grande favorito".
O CHP conquistou também a capital, Ancara, nas autárquicas de março. As duas maiores cidades turcas eram dominadas pelos conservadores islâmicos desde 1994.