A conclusão é de um estudo tornado possível graças à divulgação de imagens, até agora inéditas, feitas por satélites-espiões nos anos 70 e 80.
As fotos foram tiradas nos anos 70 e 80 por satélites espiões, mas só agora são conhecidas. São a base para um estudo que conclui que o derretimento dos glaciares desta cadeia montanhosa duplicou desde o início deste século.
Bhopal Pandeya é especialista no ambiente dos Himalaia. Trabalha no Imperial College de Londres. Para ele, a população local corre perigo: "Há dez grandes rios originários dos glaciares dos Himalaias que dão sustento a milhões ou mesmo centenas de milhões de pessoas a montante e a jusante. Devido à mudança de disponibilidade de água, as comunidades locais não conseguem manter as práticas agrícolas tradicionais", diz.
Mesmo os objetivos atuais no combate ao aquecimento global podem não ser suficientes: "Mesmo se tentarmos limitar o aquecimento global a um grau e meio até o final deste século, um terço dos glaciares dos Himalaias terá desaparecido. Mas se a temperatura subir até dois graus, vários relatórios e estudos mostram claramente que quase metade dos glaciares terá derretido. Uma vez que esses lagos glaciais não conseguem reter a água, os lagos transbordam e isso terá consequências graves, como inundações nas áreas a jusante", explica o cientista.
O derretimento dos glaciares também está a deixar a descoberto corpos de dezenas de alpinistas que estavam enterrados sob o gelo, em alguns casos há décadas. Desde que há registos, cerca de 300 pessoas morreram ao tentar escalar a montanha mais alta do mundo.