O local do maior desastre nuclear do mundo está a atrair curiosos e a criar oportunidades de turismo. A Euronews foi conhecer um pouco deste fenómeno.
O caminho de regresso à casa de infância mudou muito para Rodion Luka. Hoje, em Prypyat, é sobretudo um turista. Mas há pouco mais de 30 anos vivia nesta cidade, a dois quilómetros de Chernobyl.
Depois da explosão na central nuclear, em 1986, Prypyat ficou dentro de um perímetro de segurança, uma zona que foi evacuada e que, de acordo com os cientistas, será inabitável nos próximos 20 mil anos. Aquilo que outrora foram ruas e habitações são hoje uma floresta capaz de trocar as referências à memória de Luka. Até ao momento em que encontra as janelas do apartamento onde viveu até aos 10 anos.
"Lembro-me de tudo tal como está, mas, ao mesmo tempo, olhamos para tudo isto... é impossível que um prédio como este estivesse numa floresta", conta.
Luka decidiu regressar a Prypyat como turista. No entanto, as agências de turismo dizem que a maioria dos clientes são estrangeiros.
A zona de exclusão de Chornobyl foi aberta aos visitantes no início dos anos 2000, depois do trabalho da central nuclear ter sido completamente interrompido. Desde então, o turismo no epicentro do desastre nuclear tem sempre crescido.
Depois da série da HBO sobre o desastre de Chernobyl ter sido emitida, a cidade ganhou uma nova vida, com a procura de muitos curiosos. Uma boa notícia para a Associação dos Operadores Turísticos de Chernobyl, que espera ver o local tornar-se património mundial da UNESCO. Os turistas podem entrar na zona de exclusão para passeios de um ou dois dias, com a opção de dormir num hotel durante a noite. Uma excursão de caiaque está também a ser programada. E os visitantes têm já pontos de eleição.
"Definitivamente, o Radar Douga 1, porque ninguém sabe que está lá e muita gente se surpreende ao vê-lo ali.. E, claro, a cidade de Prypyat, porque é difícil imaginar que aquilo que costumava ser uma cidade é agora uma selva, uma floresta, daí achar que é o sítio mais impressionante para as pessoas", revela a guia turística Elena Alekseienko.
Os guias garantem que as doses de radiação a que os turistas são expostos durante a visita são equivalentes às de uma hora passada numa viagem de avião. À saída, o controlo é obrigatório e ninguém tem permissão para sair até que um aparelho indique que está tudo bem.