Boris Johnson tenta seduzir apoios para a batalha do "brexit"

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De  Francisco Marques com Reuters
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Primeira digressão pelo Reino Unido do novo chefe de Governo encontrou resistência na Esccia e mesmo no País de Gales deverá encontrar agricultores insatisfeitos com a posição de força assumida

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Não está a correr muito bem a Boris Johnson a primeira digressão pelo Reino Unido como chefe de Governo. Além da receção hostil na Escócia, onde não conseguiu também convencer a primeira-ministra Nicola Sturgeon, esta terça-feira deverá encontrar resistência também no País de Gales para o apoiar na ameaça de uma saída da União Europeia sem acordo.

Gales foi um dos dois países, dos quatro que compõe o Reino Unido, que votou pelo "brexit" no referendo de junho de 2016 (o outro voto favorável foi da Inglaterra).

Associações de agricultores galesas ameaçam com uma revolta civil e campanhas para parar totalmente o processo de saída perante a posição de força assumida pelo novo líder do Governo britânico de avançar sem travões para o "divórcio" de Bruxelas.

Boris Johnson irá tentar convencer os agricultores galeses das vantagens da saída da união Europeia, seja em que condições for, com a promessa de que o setor irá continuar a prosperar depois do "brexit" e do final dos subsídios europeus para a agricultura galesa na ordem dos 330 milhões de euros anuais.

O primeiro-ministro deverá concretizar a promessa eleitoral, feita durante a campanha na corrida à liderança do Partido Conservador, de oferecer aos agricultores "um melhor acordo" de financiamento após o "brexit" baseado num estimado "aumento de vendas, não só no Reino Unido, como em todo o mundo", perspetivou o agora residente oficial de Downing Street.

Na Escócia, tal como na Irlanda do Norte, o voto no referendo foi pela permanência.

Após a reunião desta segunda-feira com Boris Johnson, a primeira-ministra escocesa mostrou-se desconfiada por causa do "logro e burburinho" gerados pelo primeiro-ministro e considerou "muito perigoso" o caminho escolhido pelo novo governo britânico.

"Tornou-se claro para mim que o Governo, com este novo primeiro-ministro, colocou o Reino Unido no inevitável caminho de um 'brexit sem acordo. A posição assumida torna muito difícil conseguir um novo acordo com a União Europeia. E um 'não-acordo' seria catastrófico, não só para a Escócia, mas para todo o Reino Unido", alertou uma vez mais a líder do governo escocês, Nicola Sturgeon.

Pouco antes Boris Johnson havia revelado abertura para renegociar o acordo com Bruxelas, mas com uma condição: a retirada do mecanismo de salvaguarda para a fronteira das irlandas.

"Queremos deixar totalmente claro que o 'backstop' não é bom. O acordo de saída está morto e tem de ser colocado de parte. Com boa vontade de ambas as partes, duas entidades políticas adultas no Reino Unido e na União Europeia, podemos concretizar isto. Há grande vontade de ambos os lados para resolver isto e nós vamos sair [da UE], com ou sem acordo, a 31 de outubro", afirmou uma vez mais o primeiro-ministro britânico, que continua sem mostrar as cartas enquanto reforça a ameaça da saída mesmo sem acordo.

O "bluff" não parece ter surtido efeito na Escócia nem na bolsa, onde a libra afundou na segunda-feira para mínimos de mais de dois anos, ficando a valer 1,22 dólares e 1,10 euros.

Em Bruxelas, a UE continua a revelar frieza perante a nova estratégia britânica e, embora admita ligeiras alterações na declarações política, sublinha a determinação de que o acordo para o "brexit" alcançado com Theresa May, já rejeitado três vezes pelo parlamento britânico, é o único possível para um "divórcio amigável" com os britânicos.

Outras fontes • BBC, Telegraph, guardian

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