Portugal nomeia Elisa Ferreira para comissária europeia

Para a primeira Comissão Europeia presidida por uma mulher, Portugal nomeou, pela primeira vez, uma mulher para integrar o executivo comunitário. Elisa Ferreira está agora em Lisboa, mas obteve uma vasta experiência em Bruxelas nos 12 anos como eurodeputada.
Entre 2004 e 2016, Elisa Ferreira esteve na Comissão de Assuntos Económicos e Financeiros e participou na criação de legislação crucial para resolver a crise do euro, nomeadamente no setor bancário.
À euronews, o politólogo André Freire, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, realçou a vasta experiência da atual vice-governadora do Banco de Portugal, que foi também ministra em governos de António Guterres (Ambiente, seguido de Planeamento).
"É uma pessoa com grande currículo político e técnico. Não fazendo nenhuma hierarquia ou classificação de mérito relativo, em termos do lastro, de idade e experiência, Elisa Ferreira tem um quadro bastante mais robusto do que Pedro Marques. O lugar estava um pouco pensado para ele, mas depois vem a questão dos critérios de género", explicou.
Reações positivas na oposição
O líder da bancada do PSD no Parlamento Europeu, Paulo Rangel reconheceu o mérito de Elisa Ferreira e aventou, no Twitter, que poderá ter as pastas da "Economia, Ambiente ou Desenvolvimento Regional".
Na esquerda radical não se questiona a personalidade, mas as políticas. Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda, disse esperar que Elisa Ferreira "seja uma voz forte contra a destruição dos serviços públicos e desregulação do mercado de trabalho".
O eurodeputado comunista João Ferreira escreveu que é importante que Elisa Ferreira "defenda o interesse português, que tão negligenciado tem sido ao longo dos últimos anos.”
A pasta em jogo
Com o ministro das Finanças português Mário Centeno como presidente do Eurogrupo, cabe a Ursula von der Leyen avaliar se a nomeada pode ficar com uma pasta na área Económica e Financeira ou com o Desenvolvimento Regional, como ambiciona o primeiro-ministro, António Costa.
"Eu penso que o desenvolvimento regional, os fundos europeus, é muito importante sobretudo para países como Portugal, que são recetores desses fundos", acrescentou André Freire.
O comissário europeu cessante, nomeado pelo PSD, Carlos Moedas, que tem a pasta da Ciência e Investigação, disse " estar contente de passar o testemunho a uma europeia tão convicta".
"Como o Reino Unido de saída da União Europeia, serão 26 os nomeados que deverão passar nas audições no Parlamento Europeu. A primeira ronda será em meados de setembro, mas Elisa Ferreira é uma veterana que conhece bem este processo e é, também, uma cara conhecida para muitos dos eurodeputados que a irão avaliar", acrescenta Isabel Marques da Silva, a correspondente da euronews em Bruxelas.