Um ano de presidência para Bolsonaro

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De  Nara Madeira
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Controvérsia e catástrofes no primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro.

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A um de janeiro de 2019, no Brasil, Jair Bolsonaro assumia a presidência. Um ano mais tarde, conclui-se que a popularidade do chefe de Estado já viu melhores dias. De acordo com dados, de final de dezembro, do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, IBOPE, encomendados pela Confederação Nacional da Indústria, cinquenta e três por cento dos brasileiros não aprova a forma como o chefe de Estado gere os destinos do país.

2019 foi um ano marcado por controvérsias e catástrofes ambientais no Brasil. Os incêndios na Amazónia, em grande parte possíveis graças ao apoio de Bolsonaro aos fazendeiros e madeireiros, levaram boa parte da comunidade internacional a criticar as políticas do atual inquilino do Palácio do Planalto. Entre janeiro e novembro terá ardido mais 83 por cento de floresta do que no mesmo período de 2018.

Situação que afeta, enormemente, os indígenas brasileiros que percorreram a Europa para expressar o seu descontentamento pelas políticas de Bolsonaro e do seu governo relativas aos índios e à Amazónia.

As imagens da maré negra nas praias do Nordeste também chocaram o mundo. Desde 30 de agosto pelo menos 127 municípios dos nove estados do Nordeste, Espírito Santo e Rio de Janeiro, foram afetados por manchas de petróleo. Uma sondagem Datafolha, de 23 de dezembro, concluía que mais de 40 por cento dos brasileiros inquiridos pensa que o governo geriu mal este desastre natural.

Mas um estudo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, publicado no final de dezembro, dava conta de que o problema é bem mais grave e não se resume a esta região. Até 12 de dezembro, o referido organismo emitiu 293 autos de infração por derramamento de crude em mares e rios.

A questão das violações dos Direitos Humanos mancha também o primeiro ano de mandato de Bolsonaro. O aumento da violência policial no país é evidente. Cerca de 1800 pessoas foram mortas pela polícia no ano passado. O presidente brasileiro assinou mesmo um decreto a conceder indulto natalício aos polícias, militares do Exército e outros agentes de segurança pública presos e condenados por crimes como estes e que tivessem já cumprido um sexto da pena. Bolsonaro chegou mesmo a afirmar que um polícia que mata, quando está em serviço, deveria ser condecorado.

As armas são um assunto sensível no Brasil. Bolsonaro continua a querer armar a população. Em 2019, e em comparação com o ano anterior, o registo de armas aumentou 50 por cento, no país. O presidente, que mudou a lei sobre esta matéria, diz que, ainda assim, o número de mortes caiu 22 por cento. Mas o massacre numa escola em Suzano, que terminou com a morte de cinco alunos, dois funcionários e o tio de um dos atacantes, para além dos próprios, leva organizações não-governamentais a questionarem as decisões do chefe de Estado sobre esta matéria.

No país são muitos os motivos que levam os brasileiros para a rua em protesto. A morte da vereadora Marielle Franco, que continua por esclarecer, apesar de ter havido avanços na investigação, os cortes no setor da Educação que levaram, por diversas vezes este ano, os estudantes para a rua, ou a reforma da previdência, desenhada pelo Congresso, que levou a uma greve geral em junho, são apenas alguns dos movimentos sociais que ocorreram no ano passado contra Bolsonaro e o seu governo.

Outras manifestações aconteceram mas de apoio a Lula da Silva. Uma sondagem da Paraná Pesquisas, de dezembro, dizia que ele é o principal adversário político de Jair Bolsonaro até as eleições de 2022. Mas é cedo para dizer se o ex-presidente brasileiro, que continua a braços com a justiça, será o adversário do atual presidente no próximo escrutínio. Lula, e no âmbito da Operação Lava-Jato aguarda em liberdade o desenrolar dos processos e dos recursos que interpôs.

Editor de vídeo • Nara Madeira

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