Partido Democrático dos Socialistas, há 30 anos no poder, vence Legislativas no Montenegro mas margem mínima pode levar oposição ao governo.
No Montenegro o Partido Democrático dos Socialistas, há 30 anos no poder, venceu as eleições legislativas mas com uma margem mínima. O que significa que se a oposição conseguir coligar-se, os três principais partidos terão obtido 41 dos 81 assentos no Parlamento, poderá ser ela a formar governo.
Zdravko Krivokapić, líder da segunda formação mais votada, a coligação para o Futuro do Montenegro, que obteve 32,5% dos votos, cantou, de alguma forma, vitória dizendo que "a liberdade aconteceu", que o Montenegro está dividido e que é o momento de estendermos a mão à reconciliação, caso contrário ela nunca acontecerá, e é isso que estão a fazer.
Um país dividido também devido a uma lei sobre liberdade de religião, que gerou uma intensa controvérsia com a Igreja Ortodoxa Sérvia, e dominou o debate político montenegrino durante meses.
Adotada no final de 2019, esta lei abre caminho para que centenas de igrejas e mosteiros, administrados pelos Ortodoxos, passassem a ser propriedade do Estado.
A entrada em vigor da lei provocou manifestações maciças lideradas por dirigentes religiosos e apoiadas pela oposição pró-sérvia, que acusa o presidente de tentativa de espoliação.
Se se alcançar uma aliança com dois outros partidos de oposição, o que não é claro que possa acontecer, a formação pró-ocidental, do atual chefe de Estado, acusada de corrupção e de usurpação do erário (público), pode perder a liderança deste pequeno país dos Balcãs. Mas Milo Đukanović - primeiro-ministro durante quatro mandatos e que exerce, atualmente, o seu segundo enquanto presidente - dizia, após conhecidos os primeiros resultados, que era preciso esperar até se conhecer a composição do novo parlamento.
A oposição montenegrina é composta por formações nacionalistas sérvias de extrema-direita e por outras de inspiração cívica e liberal.
No momento em que foram divulgadas as primeiras projeções à boca das urnas dezenas de apoiantes do Partido Frente Democrática, pró-Rússia, saíram para as ruas para comemorar o que consideram ser uma vitória que representa mudanças num país que é membro da NATO desde 2017 e que aspirava aderir à União Europeia lá para 2025.