Barragem destrói ecossistema do rio Xingu

Desde há seis anos, a vida da população das aldeias nas margens do rio Xingu, no Estado do Pará, em plena Amazónia, no Brasil, não voltou a ser a mesma. Tudo por causa da barragem de Belo Monte, inaugurada em 2016, que apesar de todo o progresso que significa abalou completamente o ecossistema do rio. Para todos aqueles que vivem da pesca, que representam uma grande fatia da população, a barragem só trouxe dificuldades.
Diz André Oliveira Sawakuchi, professor e investigador na Universidade de São Paulo (USP): "A barragem quebrou o pulso de inundação. A montante do reservatório, ele não existe mais. Então, essa região fica como se estivesse sempre na cheia. A jusante do reservatório, também não existe, só que aí fica como se estivesse sempre no período de seca. O problema que se enfrenta com a pesca ocorre porque a floresta aluvial não é mais alagada na época em que deveria ser, por isso não há reprodução de peixes nem alimentação adequada para os peixes".
"O progresso é ter a natureza em pé"
Para os indígenas, o melhor é mesmo não tocar na natureza. É a filosofia defendida pelo chefe da aldeia de Mïratu, que tem o rio como principal ganha-pão: "Esse é que é o progresso para nós, é ter a natureza em pé. Ter os animais e os rios da forma que Deus deixou, porque assim você sabe a época de plantar e a época de colher. Quanto àquilo a que o branco chama progresso, eu penso de forma diferente, porque ele acha que está fazendo o bem, trazendo progresso, mas ao mesmo tempo está destruindo a natureza", diz o chefe Giliarde Juruna.
Encontrar uma solução satisfatória é uma missão espinhosa para o governo de Lula da Silva e para o futuro Ministério dos Povos Indígenas. Lula foi o grande impulsionador da barragem, na anterior passagem pelo Palácio do Planalto.