Vítimas de abuso sexual na Igreja francesa contestam montante das indemnizações

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Entre 1950 e 2020, pelos menos 330 mil menores foram vítimas de abusos sexuais, no seio da Igreja Católica francesa.

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Entre 1950 e 2020, pelos menos 330 mil menores foram vítimas de abusos sexuais, no seio da Igreja Católica francesa.

Na sequência das conclusões da Comissão Independente sobre os Abusos Sexuais na Igreja, apresentadas em outubro de 2021, foi criada uma Comissão de Reconhecimento e Reparação.

Nancy Couturier foi violada por padres em criança e considera que a compensação financeira é uma questão fundamental.

"Estamos a pedir justiça. A justiça do dinheiro. Justiça civil, já não a temos. Pedimos reconhecimento. O sofrimento das vítimas deve ser tido em conta. É preciso ter em conta o que elas sofreram e o que ainda estão a sofrer, mentalmente e moralmente", afirmou Nancy Couturier.

Insatisfeita e revoltada pelo montante da indeminização proposto pela Comissão de Reparação, Nancy Couturier decidiu criar uma associação para ajudar todas as pessoas que se encontram na mesma situação. Algumas das vítimas nem sequer foram contactadas pessoalmente, receberam apenas uma carta.

"Na carta, lemos que a pessoa é reconhecida, os padres são bem conhecidos, todos os impactos que a situação teve na vida da pessoa são reconhecidos. E depois dizem: 37 mil euros. Não é possível. E, para conseguir obter 60 mil euros, é preciso estar acamado. É nojento, não é normal!", indignou-se Nancy Couturier.

Indemnização limitada a 60 mil euros

60 mil euros é o limite máximo previsto para a indemnização. Uma soma insuficente, segundo o advogado da associação. "Esse montante nem sequer é superior à quantia que obtive no tribunal judicial de Saint-Etienne no caso de padre que pôs a mão nas nádegas de um rapaz", sublinhou Jean Sannier.

De acordo com o advogado, a comissão não têm conta o dinheiro que as vítimas gastaram em cuidados de saúde, nomeadamente em acompanhamento psicológico. "Se a pessoa gastou mais de 60 mil euros em sessões de terapia e a indemnização é limitada a 60 mil euros. É como se não houvesse indemnização”, frisou o advogado francês.

O presidente da Comissão de Reconhecimento e Reparação tem outro ponto de vista.

"Pensamos que é desonesto prometer uma reparação total que as pessoas nunca poderão obter, pela simples razão que essa reparação não existe", disse à Euronews Antoine Garapon.

Até hoje, menos de 1% das 200 mil vítimas ainda vivas iniciaram um processo de reparação.

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