Sismos na Turquia e na Síria: um mês depois ainda falta ajuda

Edifícios destruídos por sismo em Samandag, sul da Turquia
Edifícios destruídos por sismo em Samandag, sul da Turquia Direitos de autor Emrah Gurel / AP Photo
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Agências humanitárias destacam falta de assistência básica nas áreas atingidas do sudeste da Turquia e norte da Síria

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Um mês depois dos sismos devastadores que atingiram o sudeste da Turquia e as zonas fronteiriças do norte da Síria, as agências humanitárias destacam a grave escassez de materiais básicos para assistir aqueles que sobreviveram à catástrofe.

Dois terramotos de magnitude 7.7 e 7.6 na escala de Richter derrubaram milhares de casas em localidades onde viviam milhões de pessoas.

Desde a tragédia de 6 de Fevereiro, 2,7 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas, que foram destruídas ou fortemente danificadas.

Mas sobreviver a uma catástrofe natural é apenas metade da batalha. Viver sem tecto, face ao frio do Inverno, com infraestruturas completamente destruídas e falta de bens de primeira necessidade (nomeadamente água potável) é o principal desafio para todos os sobreviventes.

Será que a assistência internacional é suficiente?

Uma das muitas missões humanitárias internacionais presentes é a do International Rescue Committee, lançada há vários anos devido ao conflito militar na Síria e que agora focou as atenções nos sismos devastadores na região fronteiriça. 

Jennifer Higgins, coordenadora da missão do International Rescue Committee, explica a situação atual, nomeadamente em termos da ajuda internacional providenciada até ao momento nas áreas afetadas: 

"As necessidades básicas dos sobreviventes são as mesmas de antes. Estamos a falar de abrigo, alimentação, medicamentos, instalações sanitárias, água potável e artigos domésticos básicos."

"Cerca de 2,7 milhões de pessoas foram deslocadas pelos sismos na Turquia. Simplesmente, não é possível acomodar tantas pessoas em centros de alojamento temporário. Atualmente, as pessoas estão apenas a tentar encontrar um local seguro para viver e tentar perceber o que fazer a seguir. Muitos vivem em abrigos temporários, em tendas."

Acesso às áreas afectadas na Síria é difícil

Centenas de milhares de refugiados sírios, que já tinham perdido as casas durante a guerra, encontram-se na mesma situação.

Higgins:"No noroeste da Síria, mesmo antes, as necessidades humanitárias já tinham atingido um máximo histórico: cerca de 4,1 milhões de pessoas dependiam da ajuda humanitária, o que representa 90% da população da região. Metade dessa população foi deslocada mesmo antes dos sismos."

"É difícil distinguir as necessidades no noroeste da Síria antes e depois do terramoto. Muitas organizações humanitárias já estavam a chamar a atenção para a terrível situação humanitária e a falta de ajuda humanitária na região."

Na Síria, o problema é exacerbado pelo facto de o oeste do país estar sob o controlo de forças rebeldes ou da oposição e de que não existem ligações a territórios controlados pelo governo. Toda a ajuda internacional tem sido prestada pela Turquia, através de um único ponto de passagem.

Higgins:"Vimos um esforço coordenado para apoiar a Turquia, em particular. O país foi muito afetado e as cidades do sudeste do país foram completamente destruídas. Têm vindo equipas de resgate para ajudar."

"Os doadores internacionais estão agora a tentar assegurar o financiamento da ajuda à população. Mas a ajuda é importante de ambos os lados da fronteira. Felizmente, dois postos fronteiriços adicionais estão agora abertos para o transporte de mercadorias."

"Não há dúvida de que vamos começar a enfrentar alguns problemas no fornecimento de certos bens. Alguns bens, incluindo tendas para refugiados, são fornecidos por via marítima, directamente para as costas da região afectada. "

"Felizmente, a própria Turquia é um grande fornecedor de muitos desses bens, tem o seu próprio mercado interno e o país produz e fornece muitos bens, tais como produtos farmacêuticos. É isso que iremos fornecer também às regiões do noroeste da Síria."

Não basta um apoio material

Mas alguns dos elementos necessários em termos de assistência são dificilmente expressos em números concretos, como a ajuda psicológica para crianças ou o apoio a adultos desesperados que perderam familiares próximos.

Higgins:"Podemos salvar pessoas fisicamente, mas se elas não se sentirem seguras psicologicamente, não podem viver em paz. Este é o ponto-chave. Há também implicações de segurança a longo prazo para mulheres e crianças, devido à sua vida em centros colectivos ou instalações partilhadas."

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"Além disso, muitos ficaram privados de fontes de rendimento. Uma elevada percentagem da população costumava trabalhar na agricultura, mas foi tudo destruído. De acordo com os nossos dados, quase 90% da população tem de pedir dinheiro emprestado para sobreviver. Estamos a fornecer assistência monetária direccionada às famílias, para que as pessoas possam comprar os bens de que necessitam para sobreviver nas próximas semanas."

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