Shoigu faz primeira aparição pública desde a revolta do grupo Wagner

Shoigu reunido com as chefias militares das tropas que combatem na Ucrânia
Shoigu reunido com as chefias militares das tropas que combatem na Ucrânia Direitos de autor AP/Russian Defense Ministry Press Service
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De  Euronews
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O ministro da Defesa da Rússia foi, até agora, o único dos três líderes apontados por Yevgeny Prigozhin a mostrar-se em público desde a revolta do fim de semana.

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O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, fez a sua primeira aparição pública desde que a revolta de mercenários exigiu a sua expulsão.

Num vídeo divulgado pelo seu ministério, Shoigu aparece a inspecionar as tropas russas na Ucrânia e a participar numa reunião com oficiais militares num quartel-general militar na Ucrânia.

É o primeiro dos três poderosos líderes russos que o líder do Grupo Wagner queria ver destituídos a ser visto desde que a revolta terminou no sábado. O chefe do Estado-Maior, general Valery Gerasimovnão fez qualquer declaração e o presidente russo também não deu sinais desde o discurso de sábado de manhã.

O presidente da Câmara de Moscovo, Sergey Sobyanin, anunciou o fim do "regime antiterrorista" imposto na capital no sábado, durante o qual tropas e veículos blindados montaram postos de controlo nos arredores da cidade e as autoridades rasgaram as estradas que dão acesso à cidade.

A rebelião terminou no sábado, quando Prigozhin ordenou o regresso das suas tropas, que marchavam para Mscovo. 

Não se conhece o paradeiro do líder do Wagner, nem se conhecem os termos do acordo que o levaram a abortar a ação das forças mercenárias, mas há contradições sobre o assunto. As agências de notícias russas dizem esta segunda-feira, citando o ministério público como fonte, que Yevgeny Prigozhyn continua a ser alvo de um processo penal por rebelião, enquanto no domingo se anunciou um acordo em que o Kremlin estaria de acordo a que partisse para a Bieorrússia.

Questionado pelos jornalistas no sábado se Putin ainda confia em Shoigu, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu que não tinha conhecimento de quaisquer alterações na atitude do presidente. Ao comentar se alguma mudança na liderança militar foi discutida durante as negociações com Prigozhin, Peskov respondeu que as mudanças de pessoal eram uma prerrogativa exclusiva de Putin como comandante-chefe e, portanto, não era um assunto para discussão.

Os meios de comunicação social e os comentadores russos especularam que Putin poderia substituir Shoigu por Alexei Dyumin, o governador da região de Tula, que tinha anteriormente servido como guarda-costas de Putin e depois como vice-ministro da Defesa. Os especuladores observaram que Putin, que evita tomar decisões sob pressão, provavelmente esperaria antes de anunciar uma mudança.

Os EUA tinham informações de que Prigozhin estava a aumentar as suas forças perto da fronteira com a Rússia há algum tempo. Isso entra em conflito com a afirmação de Prigozhin de que a sua rebelião foi uma resposta a um ataque aos seus campos na Ucrânia na sexta-feira pelos militares russos, que, segundo ele, matou um grande número dos seus homens. O Ministério da Defesa negou ter atacado os campos.

O deputado americano Mike Turner, que preside ao Comité de Inteligência da Câmara dos Representantes, afirmou que a marcha de Prigozhin sobre Moscovo parece ter sido planeada com antecedência.

"Isto é algo que teria de ter sido planeado durante um período de tempo significativo para ser executado da forma que foi", disse Turner no programa "Face the Nation" da CBS.

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, descreveu os acontecimentos do fim de semana como "extraordinários", recordando que, há 16 meses, Putin parecia estar pronto para tomar a capital da Ucrânia e agora teve de defender Moscovo das forças lideradas pelo seu antigo protegido.

"Penso que vimos surgir mais fendas na fachada russa", disse Blinken no programa "Meet the Press" da NBC.

"É demasiado cedo para dizer exatamente para onde vão e quando chegam, mas temos certamente todo o tipo de novas questões que Putin terá de abordar nas próximas semanas e meses".

Ainda não era claro o que as fissuras abertas pela rebelião de 24 horas significariam para a guerra na Ucrânia. Mas o resultado foi a retirada do campo de batalha de algumas das melhores forças que lutavam pela Rússia: as tropas de Wagner, que tinham mostrado a sua eficácia na única vitória terrestre do Kremlin em meses, em Bakhmut, e os soldados chechenos enviados para os deter na aproximação a Moscovo.

O rápido avanço das forças de Wagner, em grande parte sem oposição, também expôs as vulnerabilidades das forças militares e de segurança da Rússia. Os soldados mercenários terão abatido vários helicópteros e um avião de comunicações militares. O Ministério da Defesa não comentou o sucedido.

O chefe da política externa da UE, Josep Borrell, falando aos jornalistas antes de presidir a uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE no Luxemburgo, onde será discutido um maior apoio à Ucrânia, disse que a revolta mostrou que a guerra está a "quebrar o sistema político da Rússia".

"O monstro que Putin criou com o Wagner está a mordê-lo agora", afirmou Borrel. "O monstro está a agir contra o seu criador. O sistema político está a mostrar fragilidades e o poder militar está a ceder".

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O chefe da diplomacia da UE tinha anunciado na sexta-feira a ativação do centro europeu de resposta a crises.

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