Grupo de mulheres e crianças afegãs resgatado por França. Fugiram da repressão dos Talibãs e pedem ajuda para o seu país.
Cinco mulheres afegãs e três crianças, filhas de uma delas, foram transferidas para Paris pelas autoridades francesas. Chegaram quinta-feira à tarde ao abrigo da "Operação Apagan", organizada pelo governo gaulês.
O grupo inclui a antiga diretora de uma universidade e uma professora; uma ex-consultora de uma organização não-governamental e uma apresentadora de televisão.
Quando os talibãs tomaram o poder não conseguiram partir nos voos organizados por vários países acidentais, mas não desistiram. Acabaram por conseguir fugiram do seu país, há vários meses e refugiaram-se no Paquistão.
Direitos das mulheres estrangulados pelos talibãs
Naveen Hashim, ativista e investigadora, trabalhava para o governo, "era conselheira do Ministro da Política", mas foi ameaçada pelos talibãs, "ameaçaram a minha vida", desabafava. Por isso, viu-se "forçada a fugir do Afeganistão".
E as histórias repetem-se entre estas afegãs que conseguiram escapar a um destino demasiado incerto. "Ainda não consigo acreditar, sinto-me como se estivesse a sonhar" dizia, à Agência France Press, a professora, de 28 anos, que não quis revelar o seu nome. Em Cabul, os talibãs ordenaram-lhe que "deixasse de ensinar" e ameaçaram-na de prisão se contactasse os seus alunos.
Centenas de afegãs "escondidas" no Paquistão
Organizações não-governamentais gaulesas, que apelavam a Paris, à muito tempo, que criasse um corredor humanitário para estas mulheres - saúdam a iniciativa mas frisam que ela foi possível graças ao trabalho de ativistas que se bateram por estas mulheres e acrescentam que é preciso criar "uma verdadeira porta de entrada humanitária" para elas. Esta operação, frisava à AFP Delphine Rouilleault, diretora-geral do Conselho dos Refugiados Afegãos, são "boas notícias" mas "não são o resultado de uma decisão política".
A referida organização não-governamental estima que centenas de mulheres afegãs estejam "escondidas" no Paquistão, fugidas da repressão talibã.
Fugiram porque se viram forçadas. Muzhgan Feraji, antiga apresentadora de televisão afegã, pedia que não se esqueça o seu país: "A mulher afegã, as pessoas, precisamos do vosso apoio e do apoio das Nações Unidas."
Recomeçar do zero
França criou um mecanismo de acolhimento, que começa num centro de "trânsito", para estas e outras mulheres que consigam ser resgatadas. A prioridade - como explicava à AFP Didier Leschi, diretor-geral do Gabinete Francês de Imigração e Integração, organismo sob a tutela do Ministério do Interior - é dada às mulheres mais ameaçadas pelos talibãs, "porque ocuparam posições importantes na sociedade afegã (...) ou têm contactos estreitos com ocidentais".
As recém-chegadas a Paris ficam registadas como requerentes de asilo e terão direito a alojamento de "longa duração", enquanto o Gabinete Francês de Proteção dos Refugiados e Apátridas decide o seu futuro.
A promessa de Macron às mulheres afegãs
No verão de 2021, o Presidente francês Emmanuel Macron prometia que o seu país permaneceria "ao lado das mulheres afegãs". Promessa feita no meio de uma operação de evacuação: 15 769 pessoas entre a primavera de 2021 e o final de julho de 2023, de acordo com dados oficiais.
Dois anos depois, as mulheres afegãs têm um duro caminho pela frente. Organizações não-governamentais dizem que a operação de resgate deste grupo de cinco mulheres é uma gota num imenso oceano e que não significa, por si só, um "compromisso" por parte do governo de França.