"Pobres Criaturas", com Emma Stone a liderar o cartaz, conquistou o júri do Festival de Veneza. A crise de refugiados também esteve entre os premiados
“Pobres Criaturas”, do grego Yorgos Lanthimos, venceu este fim de semana o Leão de Ouro para melhor filme em competição no Festival de Cinema de Veneza.
O realizador grego já havia sido distinguido no Lido veneziano em 2018 com o Prémio Especial do júri, por "A Favorita", depois de já ter brilhado em Cannes, em 2015, onde recebeu o Prémio do Júri, por "A Lagosta", e de ter ganho o Melhor Filme em 2009, no português Leffest, com "Canino".
Desta feita, Lanthimos conseguiu o grande prémio de Veneza. Com o Leão de Ouro, o grego vai agora "à caça" do Óscar de Hollywood, num ano marcado nos Estados Unidos pelas longas greves dos argumentistas e dos atores, que tem afetado a produção local.
"Pobres Criaturas"conta no elenco com Emma Stone, que encarna um género de boneca ao estilo Frankestein, mas também com Mark Ruffalo e Willem Defoe.
O filme apresenta ainda uma curta atuação da portuguesa Carminho, que interpreta o fado "O Quarto", um dos temas do novo álbum, "Portuguesa", que a artista lançou em março.
"Esta participação nasce de um convite que Yorgos Lanthimos me faz para uma pequena aparição a cantar o fado. Escolhemos juntos o tema, que tem uma letra da minha autoria para uma composição tradicional. Ele acabou por me desafiar a ser eu a tocar a guitarra portuguesa. Algo que me surpreendeu, mas, depois de muito trabalho, deixou-me imensamente feliz. A gravação foi feita ao vivo no set e foi muito emocionante. Na cena, canto e toco numa intensa troca de olhar com Emma Stone", contou Carminho, num comunicado divulgado há alguns dias.
Na hora, de agradecer a distinção pelo júri de Veneza, presidido este ano pelo realizado Damian Chazelle, Yorgos Lanthimos assumiu-se "muito Feliz": "É ótimo vencer o prémio com este filme porque já o estava a tentar há muito tempo. É simplesmente o melhor resultado que podíamos esperar."
"Pobres criaturas" ainda não tem data definida para estrear em Portugal e pode chegar às salas portuguesas apenas em 2024.
Outros premiados
Entre os restantes vencedores da noite, destaque ainda para os prémios de melhor ator e atriz, entregues a Peter Sarsgaard, por “Memória”, e Caille Spaeny, por “Priscilla”.
O japonês Ryusuke Hamaguchi recebeu o Leão de Prata para o Grande Prémio do júri, por "Evil Does Not Exist" ("O Mal Não Existe", em tradução livre), mas a política dos refugiados foi também destacada pelo júri.
O italiano Matteo Garrone, ganhou o Leão de Prata de melhor realizador com “Io Capitano” ("Eu, Capitão"), um filme sobre refugiados africanos a caminho da Europa, que valeu ainda o prémio revelação para o ator Seydou Sarr.
A polaca Agnieszka Holland viu o seu "The Green Border" ("A Fronteira Verde") receber o Prémio Especial do Júri, pelo retrato de uma família síria, um professor de inglês afegão e um guarda fronteiriço, que se cruzam na perigosa fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia.
Os chilenos Pablo Larrain e Guillermo Calderon venceram o prémio para o Melhor Argumento, pelo filme "O Conde", uma sátira em que o ditador Pinochet é retratado como um vampiro.