Agricultores polacos temem levantamento de embargo a cereais da Ucrânia

Agricultores polacos receiam não escoar cereais com a entrada de cereais ucranianos no mercado
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De  Magdalena Chodownik & Euronews
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A interdição imposta pela União Europeia à entrada de cereais ucranianos no mercado polaco termina esta sexta-feira. Polónia promete manter embargo, mesmo contra Bruxelas.

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O fim da interdição europeia à entrada de cereais ucranianos no mercado polaco termina esta sexta-feira, 15 de setembro. A Polónia opõe-se ao levantamento da restrição, devido aos cereais ucranianos, muito mais baratos, serem vistos com uma ameaça à produção nacional. 

Um levantamento do embargo poderá representar uma fatura demasiado pesada para os agricultores da Polónia, mas também para o governo, que tenta lidar com o descontentamento dos produtores, a um mês das eleições legislativas.

Dois países, dois preços

Andrzej Sobolewski é agricultor e mais um dos descrentes nas políticas protecionistas do executivo. "A Comissão Europeia e o nosso governo podem dizer o que quiserem, que sabemos que os cereais ucranianos continuam a entrar",.

O produtor encara com preocupação as discrepâncias nos preços dos cereais dos dois países "A diferença de uma tonelada de trigo é de 200-300 zlotys por tonelada, e há simplesmente demasiados cereais ucranianos na Polónia, pelo que a nossa situação é financeiramente má".

Mas o partidoLei e Justiça, atualmente no poder, diz que não vai permitir a entrada de cereais ucranianos no mercado polaco até ao final do ano, mesmo que isso signifique ir contra Bruxelas.

Para Ryszard Czarnecki, eurodeputado do Lei e Justiça, "esse não é um problema para os agricultores polacos, é um problema nas relações entre o Estado polaco e a Comissão Europeia. Os agricultores polacos não estão ameaçados por nada, porque se a União Europeia não prorrogar uma extensão da proibição, o Estado polaco fá-lo-á".

Agricultores polacos queixam-se de atrasos nas exportações

Atualmente, a Polónia permite o trânsito de cereais ucranianos pelo país, mas os agricultores polacos alegam que os portos não têm capacidade suficiente para exportar a tempo e de forma adequada os cereais dos dois países.

O porto de Gdansk nega atrasos nos carregamentos. Kamil Tarczewski, vice-presidente para as Infraestruturas do porto polaco, garante terem sido tomadas medidas atempadas e eficazes para a receção de cerais do país vizinho.

"Em devido tempo, começámos a preparar e a melhorar as nossas infraestruturas. Preparámos estaleiros adicionais para a atracagem de navios, de modo a que o tráfego rodoviário e ferroviário decorra sem problemas no porto. Os operadores dizem que ainda têm uma reserva de capacidade, num total de 300 mil toneladas por mês".

Os agricultores já não acreditam nas promessas. O receio de que tudo mude após as eleições na Polónia, a 15 de outubro, é generalizado.

E apesar de ainda não saberem quando, nem por quanto vão conseguir vender os cereais, têm de começar já a investir na produção para o próximo ano. E todos sabem que mesmo que haja um novo embargo de três meses, essa não será uma solução a longo prazo para os problemas dos agricultores polacos e ucranianos.

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