Deputados do Fidesz, partido que tem maioria no parlamento, não compareceram e obrigaram a adiar a ratificação da adesão da Suécia à NATO por falta de quórum.
Depois da luz verde da Turquia, em janeiro, a Hungria é o único país da NATO que ainda não ratificou a adesão da Suécia à Aliança Atlântica. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, já tinha garantigo que iria "agir à primeira oportunidade", mas mesmo depois de a oposição ter convocado uma sessão extraordinária para segunda-feira, os deputados do Fidesz, o partido no poder, não compareceram, obrigando a adiar a decisão por falta de quórum.
O embaixador dos Estados Unidos em Budapeste foi mesmo ao parlamento para assistir à ratificação, que acabou por não acontecer. "O primeiro-ministro prometeu agir na primeira ocasião. Esta era uma oportunidade para o fazer", criticou David Pressman.
A sessão parlamentar de segunda-feira foi apoiada por seis partidos da oposição, que lamentaram a tomada de posição "irracional" do partido de Orbán, que mantém laços estreitos com o Kremlin apesar de ter dado apoio à candidatura sueca à NATO.
Os deputados do Fidesz querem que o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, se desloque a Budapeste para negociar a ratificação com Orbán. Kristersson já garantiu que irá à Hungria para se encontrar com o seu homólogo, mas só depois de ser ratificada a adesão à NATO do seu país.
Peter Szijjart, o chefe da diplomacia húngara, também já veio dizer que seria "justo" se Kristersson visitasse Budapeste antes da ratificação, uma vez que também foi à Turquia antes da ratificação de Istambul.
Agnes Vadai, membro do partido Coligação Democrática, criticou Orban, que diz estar a mover-se apenas por "vaidade pessoal" ao bloquear a ratificação: "Ele quer fazer manchetes na imprensa internacional, enquanto faz um gesto dirigido ao presidente russo Vladimir Putin e fragiliza a unidade da NATO e da UE", sublinhou Vadai, acusando mesmo o primeiro-ministro de colocar em causa a "segurança nacional da Hungria".
O parlamento húngaro vai reunir-se novamente a 26 de fevereiro, para retomar sessões regulares, e a ratificação poderá realizar-se rapidamente, assim Orbán decida e comunique aos membros do seu partido, impedindo o boicote.
Alguns analistas admitem que Orbán esteja a tentar obter dos suecos, em troca a ratificação, a promessa de uma abstenção de Estocolmo caso a União Europeia tenha intenção de avançar com novas sanções à Hungria, que já tem milhares em fundos europeus congelados devido à deriva autoritária do governo de Orbán.