Antigo presidente brasileiro reuniu apoiantes e discursou na Avenida Paulista, garantindo que está a ser perseguido pela justiça e que não esteve por trás de qualquer tentativa de golpe de Estado.
Dezenas de milhares de apoiantes de Jair Bolsonaro manifestaram-se em São Paulo no domingo, aderindo ao apelo do antigo presidente brasileiro, que convocou o protesto para se defender, por estar a ser investigado por uma alegada tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro, que a justiça brasileira proibiu de se candidatar a cargos públicos nos próximos oito anos, falou durante 20 minutos para os apoiantes e procurou descartar as acusações que podem levá-lo à prisão, garantindo que não passam de uma "mentira".
Os analistas admitem que Bolsonaro está a tentar demonstrar que tem uma base de apoio resiliente, apesar de estar a ser investigado pela polícia federal pelo papel nos ataques de 8 de janeiro de 2023 aos edifícios governamentais em Brasília, depois de ter perdido as eleições presidenciais para Lula da Silva.
Durante o discurso na Avenida Paulista, o antigo presidente pediu mesmo um projeto de amnistia, a deputados e senadores, para os detidos pelos ataques de 8 de janeiro, alegando que as penas "fogem ao mínimo da razoabilidade".
Governadores na manifestação
Dezenas de deputados e os governadores de alguns estados brasileiros marcaram presença na manifestação de apoio a Bolsonaro, incluíndo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que foi ministro das Infraestruturas do antigo presidente e que é visto como um potencial sucessor de Bolsonaro na liderança da extrema-direita no Brasil.
O antigo presidente, que também está a ser alvo de uma investigação por ter, alegadamente, recebido joias da Arábia Saudita durante a sua presidência, está impedido de se candidatar a cargos públicos até 2030 devido a duas condenações por abuso de poder, ainda que se mantenha ativo na cena política e seja considerado, nesta altura, o único opositor de Lula da Silva, do centro-esquerda.
Alguns dos manifestantes em São Paulo levaram mesmo bandeiras israelitas, num ato de provocação a Lula, que tem sido criticado por declarar que a ofensiva militar de Israel em Gaza pode ser comparada com o Holocausto.
Segundo a imprensa brasileira, que cita um levantamento feito pela Universidade de São Paulo, a manifestação de apoio a Jair Bolsonaro conseguiu reunir 185 mil pessoas no pico de maior adesão.