O Ministério da Saúde de Gaza diz que há dezenas de pessoas a morrer "silenciosamente" de fome, sem conseguirem aceder a hospitais. Pelo menos 15 pessoas morreram no centro de Gaza na última noite na sequência de bombardeamentos. Mais de 30.700 palestinianos foram mortos desde o início da guerra.
O Ministério da Saúde de Gaza avançou esta quarta-feira que pelo menos 20 pessoas morreram de subnutrição nos hospitais e alertou que acredita haver dezenas a morrerem "silenciosamente", incapazes de chegar a instalações médicas.
Uma delegação da Organização Mundial de Saúde visitou o norte de Gaza no fim de semana e confirmou pelo menos 10 mortes de crianças por fome.
Até ao momento ainda não foi declarada uma situação de fome em Gaza, mas a iniciativa de Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar já ativou o seu comité de revisão da fome para avaliar a situação.
Segundo um relatório divulgado pelo grupo humanitário Refugees International, Israel tem bloqueado "de forma consistente e infundada" as operações de ajuda a Gaza.
O grupo de ajuda humanitária produziu o relatório com base em entrevistas com dezenas de funcionários do governo de Gaza, trabalhadores humanitários e pessoal de ONGs envolvidas em esforços de ajuda no terreno no Egipto, Jordânia e Israel.
O relatório concluiu que Israel impediu, de forma "rotineira e arbitrária", que a ajuda chegasse a Gaza, negando regularmente a entrada de veículos humanitários e desferindo "ataques persistentes às infraestruturas humanitárias, sanitárias, alimentares, eléctricas e outras infraestruturas críticas de Gaza".
O relatório acrescenta que fica demonstrado que a crise humanitária de Gaza é causada pelas "políticas e conduta israelitas".
Já há vários dias que a ONU alertava para a iminência de uma situação de fome em Gaza.
As autoridades israelitas, por sua vez, afirmam que estão empenhadas em prestar assistência humanitária aos civis e dizem não ter imposto quaisquer limites à entrada de ajuda no enclave palestiniano.
Pelo menos 15 mortos no centro de Gaza
Pelo menos 15 pessoas foram mortas no centro de Gaza na noite de quarta-feira, na sequência de ataques áereos que atingiram edifícios em Deir al Balah e o campo de refugiados de Nuseirat.
O número pode aumentar, uma vez que várias pessoas continuam desaparecidas sob os escombros.
Os corpos das vítimas, incluindo quatro mulheres, foram levados para o Hospital Al Aqsa, onde um jornalista da AP fez a contagem dos corpos.
A guerra, que entra na quinta-feira no seu sexto mês, já tirou a vida a mais de 30.700 palestinianos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
O governo do Hamas não faz distinção entre civis e combatentes nos seus registos, adiantando, ainda assim, que as mulheres e as crianças representam cerca de dois terços dos mortos.
Há registo de mais de72.000 feridos e de mais de 8.000 desaparecidos.
Aprovados milhares de novos colonatos na Cisjordânia ocupada
O Conselho Superior de Planeamento de Israel aprovou na quarta-feira a construção de 3.500 colonatos na Cisjordânia ocupada.
As novas residências serão construídas nos colonatos judaicos de Ma'ale Adumim, Efrat e Kedar.
"O Estado de Israel continuará a crescer e a desenvolver-se em todas as áreas, e os colonatos continuarão a crescer, a prosperar e a florescer", afirmou o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich.
De acordo com dados palestinianos, cerca de 725.000 colonos vivem em 176 colonatos exclusivamente judaicos e 186 postos avançados na Cisjordânia ocupada.
Ao abrigo do direito internacional, todos os colonatos judaicos nos territórios ocupados são considerados ilegais.