Guterres condena ataque "inconcebível" que matou trabalhadores humanitários em Gaza

Secretário-geral da ONU condena ataque aéreo que matou sete trabalhadores humanitários em Gaza
Secretário-geral da ONU condena ataque aéreo que matou sete trabalhadores humanitários em Gaza Direitos de autor Ohad Zwigenberg/AP
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António Guterres disse na Assembleia-Geral da ONU, na terça-feira, que os ataques israelitas que mataram os trabalhadores da ONG World Central Kitchen são “desrespeituosos”. Joe Biden afirmou que Israel não está a fazer o suficiente para proteger os trabalhadores humanitários.

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O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que os ataques aéreos israelitas que mataram os trabalhadores humanitários da ONG World Central Kitchen mostram “desrespeito pelo direito internacional humanitário” e são inaceitáveis.

"Os devastadores ataques aéreos israelitas que mataram ontem funcionários da World Central Kitchen elevam para 196 o número de trabalhadores humanitários mortos neste conflito, incluindo mais de 175 membros da nossa própria equipa da ONU", escreveu António Guterres na rede social X. "Isto é inconcebível". 

António Guterres dirigiu-se, na terça-feira, à Assembleia Geral da ONU, que debateu o tema da segurança, e recordou a recente visita ao Egito e à Jordânia já durante o período do Ramadão, realçando que os termos "segurança humana" o fazem pensar sobretudo nos dois milhões de civis em Gaza que correm risco de vida. 

O secretário-geral das Nações Unidas destacou também a sua preocupação com os israelitas que sentem “uma terrível ausência de segurança humana”.

A emergência climática e a crise global do custo de vida foram outros temas abordados por Guterres na Assembleia Geral da ONU, que assinalou que muitos países estão com dificuldades para implementarem a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que garantirão maior equidade.

Na reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONUde terça-feira, que foi convocada devido ao ataque à embaixada irananiana em Damasco, a maioria dos representantes, com exceção dos ocidentais e alguns dos seus aliados, condenou o regime israelita pelo ataque aéreo mortal contra o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

De acordo com as agências internacionais, o embaixador e representante da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, deplorou o ataque israelita, afirmando que a ação poderá levar ao intensificar dos conflitos regionais.

Também o secretário-geral adjunto da ONU para o Médio Oriente, a Ásia e o Pacífico, Khaled Khiari, reiterou, na terça-feira, a condenação do ataque israelita ao consulado iraniano em Damasco e afirmou que "a inviolabilidade das instalações diplomáticas e consulares e do pessoal deve ser respeitada em todos os casos, em conformidade com o direito internacional".

Israel admite erro

O chefe militar israelita, tenente-general Herzi Halevi, anunciou, entretanto, os resultados de uma investigação preliminar sobre o “trágico incidente” que resultou na morte de sete trabalhadores humanitários na Faixa de Gaza.

"Foi um erro que se seguiu a uma identificação incorreta - à noite, durante uma guerra em condições muito complexas. Não deveria ter acontecido", disse Halevi, citado pelas agências internacionais. 

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyah, disse também que um organismo independente vai conduzir uma "investigação exaustiva" sobre o ataque de segunda-feira, que estará concluída nos próximos dias.

A organização não-governamental World Central Kitchen condenou os militares israelitas pela morte dos seus trabalhadores humanitários, que seguiam em três veículos diferentes.

Biden diz que Israel não está a fazer o suficiente

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na noite de terça-feira que Israel não está a fazer o suficiente para proteger os trabalhadores humanitários e apelou a uma rápida investigação sobre o ataque de áereo que matou sete trabalhadores humanitários da World Central Kitchen, em Gaza.

"Este conflito foi um dos piores de que há memória em termos de número de trabalhadores humanitários mortos", afirmou Biden, citado pelas agências internacionais.

Em Jerusalém, milhares de manifestantes reuniram-se em frente ao edifício do Knesset,o parlamento israelita, pelo terceiro dia consecutivo, para apelar à realização de eleições antecipadas e a um acordo que garanta a libertação de dezenas de reféns detidos em Gaza por militantes do Hamas.

"Precisamos de novas eleições com muita urgência", disse o manifestante Yoav Hollander, citado pelas agências internacionais.

Israel e o Hamas estão a negociar a libertação dos reféns feitos no ataque de 7 de outubro pelo grupo de militantes, mas as duas partes continuam muito distantes quanto às condições de um acordo e eventual cessar-fogo.

De acordo com Telavive, cerca de 100 reféns israelitas continuam em cativeiro, depois de dezenas terem sido libertados durante um cessar-fogo em novembro. A ofensiva israelita em Gaza já matou mais de 32.900 palestinianos, cerca de dois terços dos quais mulheres e crianças, segundo o ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

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