Crise imobiliária: Está preparado para esperar 6 meses para alugar um estúdio em Paris?

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De  Oceane Duboust
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Artigo publicado originalmente em inglês

De acordo com dados recentes, são necessários seis meses, em média, para conseguir alugar um estúdio mobilado em Paris.

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Muitas cidades europeias estão a enfrentar uma crise no que diz respeito ao número de apartamentos disponíveis para uma população em constante crescimento.

A capital francesa não é exceção. Embora não se trate de um fenómeno novo, o mercado de arrendamento nunca esteve tão tenso.

Em média, são necessários seis meses para encontrar e alugar um estúdio mobilado em Paris e os preços das rendas aumentaram 1% no terceiro trimestre deste ano, segundo os dados publicados pela agência imobiliária Lodgis.

Este aumento pode ser explicado pelo facto de as rendas terem sido limitadas em Paris em 2019. Noutras grandes cidades francesas, a subida foi muito superior: mais de 10% em Bordéus e quase 15% em Aix-en-Provence, segundo a Lodgis.

O aumento é o resultado natural da oferta e da procura, afirma Alexis Alban, presidente da Lodgis.

"A escassez de habitação está a agravar-se e a procura está a aumentar de forma constante", afirmou Alban.

"Estamos a assistir ao regresso dos inquilinos internacionais, com os estudantes e os profissionais móveis a continuarem a optar pelo tradicional arrendamento mobilado de longa duração", acrescentou.

A dificuldade que as pessoas têm em comprar casa pode ser uma das explicações para este fenómeno.

Para tentar resolver o problema, o Governo francês vai alargar o seu programa de empréstimos a 0% de taxa de juro para as famílias com baixos rendimentos e abri-lo a mais pessoas no próximo ano.

Seis meses para alugar um estúdio em Paris

Quase três quartos (73%) dos profissionais referem uma diminuição do número de imóveis disponíveis para arrendamento em relação ao ano passado, segundo um comunicado da Federação Nacional do Setor Imobiliário (FNAIM), enquanto 66% registam um aumento da procura.

O aumento das taxas de crédito e o endurecimento das condições impostas para os empréstimos impedem o acesso de alguns inquilinos aos imóveis; estes permanecem no local durante mais tempo, abrandando a mobilidade do stock", declarou Loïc Cantin, presidente da FNAIM, em agosto.

Cantin referiu também os constrangimentos impostos aos proprietários que os levam a "desistir" e a vender os seus imóveis.

A tensão no mercado de arrendamento é ainda mais forte devido aos Jogos Olímpicos de 2024, que irão atrair um grande número de visitantes, voluntários e equipas a Paris.

O governo foi alvo de críticas quando decidiu expulsar mais de 2.000 estudantes dos seus apartamentos de renda controlada para acolher o pessoal olímpico durante o verão.

Uma associação de estudantes levou o caso a tribunal e um juiz administrativo suspendeu a requisição.

A atual crise de habitação na Europa

Paris não é a única cidade europeia a registar um grave défice de habitação.

Em Londres, o aluguer médio de um apartamento de um quarto no centro da cidade é agora de quase 2.500 euros por mês. O  salário médio no Reino Unido é de 2.600 euros.

O mesmo se passa em Amesterdão, onde a renda média é superior a 1500 euros por mês, mais de duas vezes o salário médio nos Países Baixos.

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São os agregados familiares com baixos rendimentos e os jovens que estão a sentir mais intensamente o impacto da crise da habitação.

Para fazer face a esta situação, algumas cidades optaram por soluções diferentes.

Viena, Paris, Amesterdão e outras cidades decidiram reprimir os alugueres do tipo Airbnb, que se crê serem a causa da falta de imóveis para arrendamento disponíveis no mercado.

Berlim levantou a proibição do Airbnb, mas continuam a ser aplicadas regras rigorosas, com multas pesadas.

Outra solução consiste em tributar os imóveis devolutos, para desencorajar os proprietários de manterem as casas vazias e incentivá-los a arrendá-las.

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Na Europa, Espanha abriu caminho com a primeira lei nacional sobre o "direito à habitação" - adotada no ano passado - que inclui um imposto para os proprietários que deixam as casas vazias durante longos períodos.

O Governo francês seguiu o exemplo este ano com um imposto semelhante para as cidades com mais de 50.000 habitantes.

Do outro lado do Atlântico, Vancouver, no Canadá, e Washington, nos EUA, adotaram uma medida semelhante e outras cidades, como São Francisco e Honolulu, estão a ponderar fazer o mesmo.

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