A misteriosa "Vanessa" de Barber encanta Festival de Ópera de Glyndebourne

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De  Katharina Rabillon
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A encenação de Keith Warner recorre a espelhos gigantes para mostrar o que se passa na mente das personagens.

Natureza e ópera. É a receita do Festival de Glyndebourne, em Inglaterra. Este ano, os participantes assistiram à encenação de "Vanessa", a primeira ópera do compositor norte-americano Samuel Barber de contornos hitchcockianos.

Raramente encenada, a obra de 1956 conta a história de uma mulher abandonada pelo marido que vive enclausurada há vinte anos aguardando pelo seu regresso. Um dia um homem entra pela porta, o filho do marido.

"Esta obra podia ser encenada não como um musical mas como uma peça de teatro. A música operática é maravilhosa e arrasta o público para uma história negra e misteriosa", contou o encenador britânico Keith Warner.

Vanessa apaixona-se pelo filho do marido que num primeiro momento prefere a companhia da sobrinha. A soprano britânica Emma Bell veste a pele da protagonista.

"Imagine que tinha esperado vinte anos por alguém e que um dia uma pessoa abre a porta e entra. É uma situação de extrema vulnerabilidade", afirmou Emma Bell.

O papel dos espelhos na encenação

A encenação de Keith Warner recorre a espelhos gigantes para mostrar o que se passa na mente das personagens.

"Os reflexos são intermináveis. Podemos ver neles coisas sem fim. Pode ver-se a si póprio agora e pode olhar para o passado através do espelho", explicou o encenador britânico.

"Podemos ver a vida refletida no espelho e ver o que se passa à volta através do espelho. Podemos dar um passo para trás e olhar para o que se passa de uma forma analítica", disse Warner.

Emma Bell reconhece as virtudes da encenação imaginada pelo encenador britânico. "Podemos olhar através dos espelhos para criar um outro mundo atrás da gaze", comentou a soprano britânica.

Em Glyndebourne, a ópera foi dirigida pelo maestro Jakub Hrůša.

"É óbvio que é uma ópera americana devido ao tipo de som, em particular devido aos metais, à essência rítmica e à doçura das melodias. A música muda constantemente provocando e envolvendo o espetador", comentou o maestro checo.

"Não há dúvida de que o som é épico e cinemático, com enormes arcos e com altos e baixos extremos. É um mundo vasto com uma enorme palete de cores", frisou Emma Bell.

"A obra tem um lado sombrio do ponto de vista da psicologia humana. Mas é também uma obra elegante e bela. De certa forma, a obra tem de ter um brilho superficial para podermos aceder ao lado sombrio que está subjacente", concluiu o encenador britânico.

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