Qual é o segredo deles? Como é que conseguem cantar neste registo alto e o que acontece dentro do seu corpo? Descubra a magia da voz do tenor, nesta edição de Música.
São os heróis da ópera e do glamour. Quando atingem o alto C, o público fica entusiasmado. Mas qual é o segredo deles? Como é que conseguem cantar neste registo alto e o que acontece dentro do seu corpo? Descubra amagia da voz do tenor - nesta edição de Música.
O peruano Juan Diego Flórez é um tenor por excelência. O francês Benjamin Bernheim é um tenor lírico e especialista do repertório francês. A Euronews falou com ambos, para ter uma ideia do que representa a voz de um tenor.
Porque a voz do tenor é considerada um fenómeno. Os tenores são os heróis da ópera. Nenhuma outra voz suscita tal reação por parte do público. É como um número de trapézio no circo. "A aposta que fazemos sobre um tenor é, será que ele vai conseguir?", diz Benjamin Bernheim e, semelhante pressão, requer nervos de aço.
Esta é uma visão sobre como alcançar as notas altas de dois tenores de renome mundial. O tenor é a voz masculina mais elevada. Benjamin Bernheim, uma voz de renome mundial, insiste que as técnicas demoram anos a dominar.
Como é que um tenor canta até ao topo da escala sem mudança aparente? O segredo chama-se passaggio: a ponte.
"A voz natural do tenor, tal como a voz natural do barítono, tem um certo limite. E esta passagem determinará em que ponto se passa para a voz mista, ou para a voz fabricada de forma a que a voz do peito permaneça em alta. Uma poderosa voz de peito", explica o francês Benjamin Bernheim. Acrescentando ainda que: "a voz mista é uma voz que está ligada à voz do peito e à voz da cabeça. Portanto, encontrar o equilíbrio é uma arte".
- Mas o que acontece realmente dentro do corpo quando um tenor canta no registo superior?
Em Salzburgo, um tenor fez uma ressonância magnética, para visualizar o que nunca conseguimos ver - os tremendos desafios físicos. Há outra razão pela qual a voz do tenor ressoa connosco, diz o próprio otorrinolaringologista do Festival de Salzburgo, Josef Schlömicher-Thier: "Um tenor tem a peculiaridade de conseguir produzir uma determinada gama de tons. Todos os cantores conseguem, mas o tenor consegue isso a cerca de 3000 hertz. Mas então o que acontece com o público? Esta concentração de energia atinge uma sensibilidade muito especial no ouvido, porque aí os 3000 hertz são percebidos particularmente bem. É daí que provém esta sensação: provoca-me calafrios. Fico arrepiado quando se atinge este ponto, este estrondo. E depois as pessoas levantam-se entusiasmadas".
A arte do tenor moderno tem as suas raízes em Itália. Foi Gioachino Rossini quem empurrou a voz do tenor para a ribalta. Um dos grandes tenores do nosso tempo, Juan Diego Flórez, partilha uma ligação especial com o compositor italiano.
Em 1831, durante a ópera de Rossini "William Tell", aconteceu uma sensação: O tenor francês Gilbert Duprez surpreendeu a audiência com uma performance revolucionária do alto C. E nasceu uma super estrela global.
Os fogos de artifício vocais, cintilantes e espantosos, são uma especialidade das óperas de Rossini, entre elas "Le Comte Ory".
Nota: O filme (imagens de Enrico Caruso) foi restaurado pela Fondazione Cineteca di Bologna, em colaboração com o MoMA - Museu de Arte Moderna, Arquivo Nacional BFI e Gosfilmofondda Rússia.