Além de apresentar aqui o mais recente trabalho "They shot the piano player", o realizador espanhol recebe um Alexandre de Ouro pelo conjunto da carreira.
Todos os anos, o Festival de Documentário de Salónica acolhe a nata do cinema documental de todo o mundo. Este ano, naa 26ª edição, durante 11 dias são projetados 250 documentários que tratam de questões importantes que dizem respeito a todo o planeta. Mais de 200 cineastas, gregos e estrangeiros, marcam presença.
O destaque vai para o ciclo Citizen Queer, com um grande número de documentários LGBTQI+. O certame abriu com o filme They Shot the Piano Player, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, uma obra de animação sobre a cena jazz brasileira no tempo da ditadura militar. Trueba ganhou também um Alexandre de Ouro honorário pela sua contribuição para o cinema.
"Durante os últimos anos, o Festival de Documentário de Salónica tornou-se num dos mais importantes festivais de documentário da Europa e é por isso que este ano tivemos 120 estreias, o que mostra a confiança que os realizadores, produtores e agentes de vendas têm no nosso festival, porque sabem que virão aqui e o seu filme encontrará um público fantástico. Quem ganhar o Alexandre de Ouro é automaticamente elegível para o Óscar de Melhor Documentário, mas também vai ver a atenção de toda a comunidade profissional, a comunidade mundial do documentário e o filme vai certamente ter um bom percurso se tiver começado no festival de Salónica", conta Orestis Andreadakis, diretor do festival.
Um dos documentários apresentados foi My Stolen Planet, de Farahnaz Sharifi, no qual a realizadora apresenta imagens de arquivo sobre a forma como as pessoas se divertiam no Irão antes da Revolução de 1979 e descreve a situação das mulheres na sociedade iraniana. A realizadora está retida na Alemanha, porque não tem passaporte e não pode regressar ao Irão. Anke Petersen, produtora do filme, explica à euronews como a morte de Mahsa Amini afetou a realizadora.
"É um filme muito pessoal. Ela filmou tudo o que estava à sua volta, porque, como mulher, não temos o direito de sair para a rua e filmar o que quisermos. Temos de filmar o que temos à nossa volta. Portanto, era a vida privada, os amigos e a família. Depois, com tudo o que aconteceu após a morte de Mahsa Armini, ela mudou a estrutura e o filme tornou-se um diário dos 45 anos de opressão das mulheres".
O Festival de Documentário de Salónica termina no domingo, 17 de março.