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Juncker nega relação conflituosa com Merkel

Juncker nega relação conflituosa com Merkel
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De  Isabel Marques da Silva
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O reforço de sanções contra a Rússia devido à crise na Ucrânia foi um dos principais temas da reunião da chanceler da Alemanha com a Comissão Europeia (CE), esta quarta-feira, em Bruxelas. Mas o presi

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O reforço de sanções contra a Rússia devido à crise na Ucrânia foi um dos principais temas da reunião da chanceler da Alemanha com a Comissão Europeia (CE), esta quarta-feira, em Bruxelas.

Mas no encontro com o executivo presidido por Jean-Claude Juncker não podia deixar de ser abordado o resgate à Grécia, no qual Berlim tem tido um papel decisivo.

Angela Merkel disse que “agora, trata-se de implementar no terreno aquilo que ficou decidido no papel durante as reuniões do Eurogrupo. As instituições da troika vão fazer a avaliação. Penso que temos muito que fazer e que é realmente necessário seguir em frente”.

O presidente da CE advoga alguma flexibilidade na aplicação das regras do Pacto de Estabilidade, o que é sempre recebido com frieza em Berlim.

Mas, no seu estilo bem humorado, Juncker fez questão de dizer que tudo vai bem: “admiro a teimosia de alguns jornalistas da imprensa alemã em relatar que há conflitos sérios entre a chanceler alemã e o presidente da CE. Eu não dei por nada!”.

A “luta” pelo poder entre Bruxelas e Berlim

Para analisar em maior profundidade esta reunião, o correspondente da euronews em Bruxelas, Rudolf Herbert, entrevistou Jean Techau, diretor do centro de estudos Carnegie Europa.

Rudolf Herbert/euronews (RH/euronews): “Qual é a maior preocupação de Angela Merkel?”.

Jean Techau/Diretor do Carnegie Europa (JT/Carnegie Europa): “O tópico mais importante será sempre o euro, a vários níveis. Podemos dizer que, à superfície, existe um confronto de posições sobre quão intransigente se deve ser para com os países com orçamentos muito deficitários e que precisam de ajuda. Depois, há um problema subjacente, alvo de negociações, que se prende com o equilíbrio de poderes entre a CE e os governos dos Estados-membros. A CE perdeu muito poder nos últimos anos devido à crise e Jean-Claude Juncker tenta agora recuperar esse poder. Isso não agrada à chanceler alemã”.

RH/euronews: “Quão grande é a diferença de opinião entre Berlim e Bruxelas no que se refere ao Pacto de Estabilidade?”.

JT/Carnegie Europa: “Não é nenhum segredo que a posição de Jean-Claude Juncker é mais tolerante. Ele costuma dizer que os governos dos Estados-membros tem tendência para serem desconfiados em relação às instituições da União Europeia (UE). Diz que é preciso mudar de tom e ter uma atitude mais amigável e cooperante. Quando a chanceler Merkel ouve este discurso, tende a interpretá-lo como um apelo para enfraquecer os critérios do Pacto e para fazer concessões a esses países. Não penso que Merkel e Juncker tenham visões muito diferentes sobre o projeto da UE. Já sobre a questão de como fortalecer a zona euro têm opiniões diferentes”.

RH/euronews: “A contribuição da Alemanha para a Grécia rondou os 65 mil milhões de euros. No entanto, há vozes em Atenas que dizem que Alemanha é, pelo menos em parte, responsável ​​pela crise nesse país”.

JT/Carnegie Europa: “Muitas das tentativas dos gregos para derrubarem o sistema vigente e convencerem a zona euro a ser mais tolerante acabaram por falhar. No final das contas, essas tentativas não deram frutos e manteve-se o programa de resgate. O próximo grande confronto não está longe porque é óbvio que a Grécia vai precisar de mais dinheiro, o mais tardar no verão. O governo grego sabe que não se pode dar ao luxo de mendigar mais ajuda, mas também sabe que não pode correr o risco de transformar a Grécia num Estado falhado”.

RH/euronews: “Na busca de uma solução pacífica para a Ucrânia, coube a Angela Merkel tomar a iniciativa. Porquê?”.

JT/Carnegie Europa: “O facto de Angela Merkel ter atualmente uma posição de liderança na Europa tem a ver com duas coisas. Em primeiro lugar, há uma forte relação entre a Alemanha e a Rússia, que não passa apenas pelas relações pessoais de Merkel com Putin. É, sobretudo, o papel que a Alemanha tem na economia russa, porque é o maior parceiro económico, sendo o valor das transações extremamente elevado. Nenhum outro país europeu tem tanta influência sobre a Rússia. A segunda razão é atual fraqueza de outras potências diplomáticas tradicionais na Europa; isto é, a Grã-Bretanha e França perderam a voz nesta questão da Rússia”.

RH/euronews: “Mas esta não deveria ser a oportunidade para a UE voltar a ser um protagonista importante no cenário internacional?”.

JT/Carnegie Europa: “Claro que sim, este é o maior teste à política externa da UE desde que foi criada. A questão é: estará à altura de o fazer? Não está em causa apenas reagir a cada um dos desenvolvimentos e resolver a crise atual! A questão é saber se a UE consegue definir uma política externa para os próximos dez ou 15 anos, de modo a alcançar objetivos estratégicos”.

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