Sindicatos alertam para fosso salarial entre homens e mulheres

Sindicatos alertam para fosso salarial entre homens e mulheres
Direitos de autor Luca Bruno/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved
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De  Isabel Marques da SilvaChristopher Pritchard
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O Parlamento Europeu debateu , esta segunda-feira, propostas para aumentar a igualdade entre géneros, às quais os Estados-membros vêm resistindo há quase uma década.

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Mil anos é o tempo que poderá demorar até as mulheres receberem o mesmo salário que os homens, pelo mesmo tipo de trabalho, em França. O exemplo vem de um estudo encomendado pela Confederação Europeia dos Sindicatos (CES), que revela as disparidades salariais entre homens e mulheres na União Europeia  e o ritmo lento de progresso nas ultimas décadas.

Nalguns Estados-membros a situação é mais grave do que noutros:

  • Em Itália, a igualdade não será obtida antes de 2074, e na Alemanha só em 2121

  • Na Roménia, a igualdade poderá ser obtida já em 2022, e na Bélgica em 2028

Tal como em outros oito países da União Europeia, Portugal está, na realidade, a progredir no sentido inverso ao desejável em termos do fosso salarial: 

  • em 2010, as mulheres portuguesas ganhavam, em média, menos 12,8% do que os homens 

  • em 2018, essa diferença aumentou até aos 16,2%

Legislação ou educação?

A CES pede legislação emanada do executivo europeu que force a mão aos governos dos Estados-membros.

"É preciso haver regulamentação vinculativa para tornar a transparência salarial numa obrigação para os empregadores. Não podemos estar sentados à espera que se saiba o que e passa por acaso. O mais importante é estar atento ao facto de que há muitas maneiras de se manter a política de sigilo salarial. Por exemplo, quando alguém se candidata a um emprego deveria poder perguntar quanto ganhava a pessoa que estava antes no cargo e quanto ganham as pessoas na mesma situação", explicou Esther Lynch, secretária-geral adjunta da CES, em entrevista à euronews.

Outros há que defendem uma aposta na mudança de mentalidades, tal como Maxime Cerutti, diretor de Assuntos Sociais da BusinessEurope, uma associação de empregadores europeus: "A principal questão que deve ser abordada é a dos estereótipos sobre cada um dos géneros, algo que começa muito cedo nas nossas sociedades". 

"Começa com o jardim de infância, quando não temos infra-estruturas suficientes na Europa para que as mulheres, e todos os que tem filhos, possam trabalhar. Temos problemas na educação, onde  não se crie suficiente consciência para progredir em direção à igualdade de géneros", acrescentou.

Meta de 40% de mulheres na liderança de empresas

O Parlamento Europeu debateu , esta segunda-feira, propostas para aumentar a igualdade entre géneros, às quais os Estados-membros vêm resistindo há quase uma década.

Uma delas visa obrigar as empresas cotadas nas bolsas de valores a terem pelo menos 40% de mulheres nos conselhos de administração, embora tal medida possa não se traduzir imediatamente em melhorias a nível do fosso salarial.

“A diretiva sobre a presença de mulheres nos conselhos de administração é muito importante para mudar a percepção sobre o papel das mulheres em cargos de decisão e de liderança, mas penso que ajudará, sobretudo, as mulheres de estratos mais privilegiadas e não tanto as dos grupos de salários baixos", admitiu Kira Marie Peter-Hansen, eurodeputada dinamarquesa dos verdes.

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