"Estado da União": Rússia procura aliados contra "Ocidente coletivo"
A guerra na Ucrânia é um assunto cruel e desumano que não pode cair no esquecimento. Uma das notícias da semana foi que dois mercenários do grupo paramilitar russo Wagner afirmaram ter matado dezenas de crianças e adolescentes ucranianos, em Bakhmut e na região de Donetsk.
Um facto que foi condenado pelo Parlamento Europeu e que levou o Tribunal Penal Internacional a emitir um mandado de captura contra o presidenet russo, Vladimir Putin.
"A prática de deportar ou transferir ilegalmente e à força crianças ucranianas para território russo é uma violação do direito internacional e tem afetado dezenas de milhares de crianças ucranianas. (...) Este é um crime terrível que inflige um sofrimento inimaginável e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir a responsabilização e o regresso destas crianças ao lugar a que pertencem", disse Vera Jurova, vice-presidente da Comissão Europeia, esta semana, no Parlamento Europeu, reunido em sessão plenária, em Estrasburgo (França).
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, fez uma viagem à América Latina, tentando obter aliados contra o que apelida de "Ocidente coletivo".
Na Venezuela, reuniu-se com o presidente Nicolas Maduro e louvando o compromisso dos dois países para com os princípios da Carta das Nações Unidas, Lavrov, disse: "Falamos a partir de uma posição unificada em defesa do direito dos povos a determinarem o seu próprio futuro e o seu destino sem interferência externa, sem chantagens. E, evidentemente, sem tentativas de os influenciar através de medidas unilaterais e restritivas ilegais".
Entretanto, a União Europeia e os Estados Unidos reafirmaram o seu apoio à Ucrânia, especialmente no campo militar. Mas os especialistas começam a interrogar-se se será suficiente para alterar o curso da guerra. A situação no terreno está num impasse há meses e a contra-ofensiva ucraniana prevista para a primavera parece continuar congelada.
A euronews falou com Rafael Loss, especialista em política externa e de segurança no Conselho Europeu das Relações Externas, que não considera haver atrasos.
"A primavera ainda está a começar e estamos, certamente, a assistir aos preparativos. Devemos perceber que o início da ofensiva vai parecer bastante confuso. Os ucranianos vão tentar confundir a liderança russa. Tentarão sondar as linhas e áreas ocupadas pela Rússia para identificar fraquezas onde possam atuar com a ajuda de tanques modernos fornecidos pelo Ocidente, veículos de combate para infantaria, artérias de longo alcance, etc", explicou.
(Veja a entrevista na íntegra em vídeo)