Diplomacia tenta convencer Rússia a prolongar acordo de cereais com Ucrânia

Cerca de 30 milhões de toneladas de cereais foram exportados graças ao acordo no último ano
Cerca de 30 milhões de toneladas de cereais foram exportados graças ao acordo no último ano Direitos de autor Andrew Kravchenko/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
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De  Isabel Marques da Silva
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A apenas uma semana da data de expiração da Iniciativa para os Cereais do Mar Negro, ainda não é certo que a Rússia vai recuar na ameaça de não prorrogar este acordo de exportação com a Ucrânia.

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A Rússia afirma que os países menos desenvolvidos recebem "não mais do que 3%" dos cerca de 30 milhões de toneladas de cereais e outros géneros alimentícios ucranianos exportados desde julho de 2022, ao abrigo da Iniciativa para os Cereais do Mar Negro.

Uma acusação rejeitada pela Comissão Europeia, que considera que o acordo não só permitiu baixar os preços dos alimentos no mercado mundial, como é vantajoso para a própria Rússia.

"Apesar de alegar que o acordo está a beneficiar os europeus ou os ucranianos, a Rússia está, na verdade, a registar um aumento dos lucros do seu próprio comércio de fertilizantes, trigo e outras cereais, que também está a roubar à Ucrânia. Por isso, tudo o que vem da Rússia são basicamente mentiras e mentiras relacionadas com a campanha ilegal contra a Ucrânia", disse, à euronews, Peter Stano, porta-voz do Alto Representante para a Política Externa e de Segurança.

Exigências russas são legítimas, diz ONU

A Rússia fez um pedido razoável sobre o que precisa de acontecer para poder ter as suas exportações nos mercados mundiais. Essas exportações não estão sujeitas a sanções e deve permitir-se que cheguem aos mercados mundiais.
Farhan Haq
Porta-voz adjunto do Secretário-Geral da ONU

O governo de Moscovo exige o levantamento de barreiras às suas exportações destes produtos. Uma das mais importantes é a possibilidade de o Banco Agrícola Russo ser novamente aceite no sistema de pagamentos internacionais SWIFT.

A ONU, que desde o início mediou o acordo, disse à euronews que algumas preocupações russas são legitimas.

"A Rússia fez um pedido razoável sobre o que precisa de acontecer para poder ter as suas exportações nos mercados mundiais. Essas exportações não estão sujeitas a sanções e deve permitir-se que cheguem aos mercados mundiais. Mas tem havido diferentes obstáculos: burocráticos, legais, decisões que as empresas estão dispostas a tomar ou não estão dispostas a tomar", afirmou Farhan Haq, porta-voz adjunto do Secretário-Geral da ONU, em declarações à euronews.

Outro mediador foi a Turquia, que o presidente ucraniano visitou no passado sábado, com Volodymyr Zelensky a defender uma extensão do acordo e o presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, confiante de que se chegará a bom porto.

Se não houver acordo, é provável que os preços dos alimentos aumentem e agravem a crise humanitária em alguns países, tais como o Afeganistão, a Etiópia, a Somália, o Sudão.

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