A apenas uma semana da data de expiração da Iniciativa para os Cereais do Mar Negro, ainda não é certo que a Rússia vai recuar na ameaça de não prorrogar este acordo de exportação com a Ucrânia.
A Rússia afirma que os países menos desenvolvidos recebem "não mais do que 3%" dos cerca de 30 milhões de toneladas de cereais e outros géneros alimentícios ucranianos exportados desde julho de 2022, ao abrigo da Iniciativa para os Cereais do Mar Negro.
Uma acusação rejeitada pela Comissão Europeia, que considera que o acordo não só permitiu baixar os preços dos alimentos no mercado mundial, como é vantajoso para a própria Rússia.
"Apesar de alegar que o acordo está a beneficiar os europeus ou os ucranianos, a Rússia está, na verdade, a registar um aumento dos lucros do seu próprio comércio de fertilizantes, trigo e outras cereais, que também está a roubar à Ucrânia. Por isso, tudo o que vem da Rússia são basicamente mentiras e mentiras relacionadas com a campanha ilegal contra a Ucrânia", disse, à euronews, Peter Stano, porta-voz do Alto Representante para a Política Externa e de Segurança.
Exigências russas são legítimas, diz ONU
O governo de Moscovo exige o levantamento de barreiras às suas exportações destes produtos. Uma das mais importantes é a possibilidade de o Banco Agrícola Russo ser novamente aceite no sistema de pagamentos internacionais SWIFT.
A ONU, que desde o início mediou o acordo, disse à euronews que algumas preocupações russas são legitimas.
"A Rússia fez um pedido razoável sobre o que precisa de acontecer para poder ter as suas exportações nos mercados mundiais. Essas exportações não estão sujeitas a sanções e deve permitir-se que cheguem aos mercados mundiais. Mas tem havido diferentes obstáculos: burocráticos, legais, decisões que as empresas estão dispostas a tomar ou não estão dispostas a tomar", afirmou Farhan Haq, porta-voz adjunto do Secretário-Geral da ONU, em declarações à euronews.
Outro mediador foi a Turquia, que o presidente ucraniano visitou no passado sábado, com Volodymyr Zelensky a defender uma extensão do acordo e o presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, confiante de que se chegará a bom porto.
Se não houver acordo, é provável que os preços dos alimentos aumentem e agravem a crise humanitária em alguns países, tais como o Afeganistão, a Etiópia, a Somália, o Sudão.