Centro-direita coloca agricultura no topo da campanha para eleições europeias

Com o título Pacto Agrícola numa conferência, o PPE tenta fazer contrapeso ao Pacto Ecológico
Com o título Pacto Agrícola numa conferência, o PPE tenta fazer contrapeso ao Pacto Ecológico Direitos de autor EPP
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De  Gregoire LoryIsabel Marques da Silva
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O futuro da agricultura deverá ser um tema quente nas eleições europeias, dentro de nove meses. O Partido Popular Europeu (PPE) e a presidente da Comissão Europeia, também desta família política, estão empenhados em obter os votos destes eleitores.

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O PPE colocou o tema da agricultura no topo da sua agenda, tendo organizado, terça-feira, uma conferência no Parlamento Europeu. Mas outro sinal, mais surpreendente, desta aposta foi o facto de, pela primeira vez, a agricultra ter tido destaque no discurso sobre o Estado da Nação, pela presidente da Comissão Europeia, no passado dia 13.

Ursula von der Leyen disse que queria "agradecer aos agricultores por garantirem o abastecimento alimentar da UE".

Os europdeutados de outras cores políticas reconhecem que a líder do executico comunitário, von der Leyen, também de centro-direita, está a lançar a sua base de campanha.

"Ela está completamente empenhada num processo eleitoral em que tenta, mais uma vez, reunir a sua família política à sua volta, com o objetivo de poder, imagino, cumprir um segundo mandato como Presidente da Comissão", disse, à euronews,  Benoît Biteau, eurodeputado francês dos verdes.

"Vimos que o PPE, no seu congresso, há quase dois meses, colocou a questão da agricultura no centro da sua agenda. De facto, assistimos a uma forte ofensiva sobre a questão agrícola depois do congresso do PPE", acrescentou.

Desafios para o setor agudizam-se

Segundo os analistas, o setor agrícola apreciou as palavras da presidente da Comissão Europeia e espera mais atenção já que os desafios se agudizaram com a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia.

A agricultura emprega diretamente pouco mais de nove milhões de pessoas num bloco com quase 500 milhões de habitantes, mas tem grande simbolismo político em tempos de campanha eleitoral.

"A sensibilidade em relação à alimentação, à agricultura e à vida rural vai muito para além do voto agrícola. E podemos ver em vários países que as mensagens transmitidas pela comunidade agrícola ressoam muito em toda a sociedade", explicou, à euronews, Luc Vernet, secretário-geral da Farm Europe.

"Podemos ver claramente que existe um debate sobre a agricultura que é, obviamente, muito forte nas zonas rurais, mas que também interessa às zonas urbanas. Vimos isso nos Países Baixos, mas também na Alemanha, Itália e França", acrescentou.

Para agradar a estes eleitores, o PPE está há vários meses a tentar travar legislação no âmbito do Pacto Ecológico Europeu.

Um caso assinalável foi a lei sobre a recuperação da natureza, com debate aceso e que passou no plenário à tangente. A proposta para diminuir a proteção do lobo (uma espécie ameaçada) para apaziguar os criadores de gado é outro e, neste caso, com grande apoio da presidente da Comissão Europeia.

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