Yulia Navalnaya, viúva do opositor russo Alexei Navalny, morto na prisão, pediu uma investigação das ligações financeiras do presidente Putin ao Ocidente, num discurso, quarta-feira, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).
"Todos nós e vós temos de lutar contra o bando criminoso. E a inovação política neste domínio consiste em aplicar os métodos de luta contra o crime organizado e não a concorrência política", disse Yulia Navalnaya, que pediu ao Parlamento Europeu para não ceder ao cansaço da guerra na Ucrânia ou apelar a conversações de paz com o presidente russo, Vladimir Putin.
"Não se trata de declarações de preocupação, mas de procurar associados mafiosos nos vossos países, advogados discretos e financeiros que ajudam Putin e os seus amigos a esconder dinheiro", acrescentou.
Duas semanas depois da morte de Alexei Navalny , numa remota colónia penal do Ártico, a sua viúvia espera que a União Europeia vá mais longe do que as sanções porque "não se pode derrotar Putin com outra resolução ou outro conjunto de sanções que não seja diferente dos anteriores. Não se pode derrotá-lo pensando que ele é um homem de princípios que tem moral e regras".
Durante anos, Alexei Navalny denunciou a corrupção na Rússia, tornando-se a maior ameaça ao domínio de Putin no poder. O Kremlin ameaçou-o, prendeu-o e torturou-o e a posição oficial da Comissão Europeia, e de vários líderes dos Estados-membros (incluindo Portugal), é que ordenou o seu assassinato.
Uma Rússia "bela no futuro"
Yulia Navalnaya prometeu continuar a missão do marido e pediu à UE que a ajudasse, trabalhando em conjunto com os russos pró-democracia.
"Há dezenas de milhões de russos que são contra a guerra, contra Putin. Contra o mal que ele traz. Não devemos persegui-los. Pelo contrário, temos de trabalhar com eles. Connosco. O meu marido nunca verá como será a bela Rússia do futuro. Mas nós temos de a ver", disse, ainda.
Centenas de pessoas foram detidas na Rússia por mostrarem, publicamente, pesar pela morte de Navalny, cujo funeral terá lugar, na sexta-feira, numa igreja no distrito de Maryino, no sudeste de Moscovo.