Von der Leyan renova apelo à aquisão conjunta de armas na UE

Ursula von der Leyen prometeu apresentar, em breve, a Estratégia Industrial de Defesa Europeia
Ursula von der Leyen prometeu apresentar, em breve, a Estratégia Industrial de Defesa Europeia Direitos de autor European Union, 2024.
Direitos de autor European Union, 2024.
De  Vincenzo Genovese
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A União Europeia (UE) deve usar o "motor a turbo" para aumentar a capacidade da indústria da defesa, disse a presidente da Comissão Europeia, quarta-feira, no Parlamento Europeu. A Estratégia Industrial de Defesa Europeia vai ser apresentada em breve, prometeu.

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"Um dos objetivos centrais da estratégia, e do Programa Europeu de Investimento na Defesa que a acompanhará, será dar prioridade às aquisições conjuntas no domínio da defesa. Tal como fizemos com grande sucesso nas vacinas ou, por exemplo, no gás natural", explicou  presidente da Comissão Europeia, na sessão plenária.

Ursula von der Leyen considera que a ameaça da Rússia deve mobilizar os europeus, através do aumento da produção por um lado, e da aquisição conjunta de equipamento militar por outro.

"Isto ajudar-nos-á a reduzir a fragmentação e a aumentar a interoperabilidade. Mas, para isso, temos de enviar, coletivamente, um sinal forte à indústria", acrescentou von der Leyen.

A UE poderá melhorar as suas relações com a indústria da defesa através de contratos de compra antecipada. Tal será um sinal de que haverá encomendas estáveis e previsibilidade a longo prazo, potenciando o investimento privado.

A ideia é apoiada pelo centro-direita, a maior bancada no Parlamento Europeu, segudo disse, à euronews, o eurodeputado alemão David McAllister: "Os Estados-membros estão, atualmente, a gastar demasiado a nível nacional. Precisamos de cooperar mais estreitamente na Europa". 

"Precisamos de mais tecnologia e peritos no domínio da defesa. Precisamos de comprar mais equipamento de defesa em conjunto. E se a União Europeia puder dar início a este processo, fazendo com que os Estados-membros trabalhem mais estreitamente em conjunto, então isso será do nosso interesse", acrescentou.

Uma questão de valores

Mas outras bancadas discordam, nomeadamente a da esquerda radical, que considera que a aquisição conjunta vai contra alguns dos valores da UE.

Ccertas empresas, as que poderiam produzir, por exemplo, aviões Canadair de combate a incêndios, serão empurradas e encorajadas a produzir armas. Não é esse o tipo de Europa que queremos.
Marc Botenga
Eurodeputado, esquerda radical, Bélgica

"Isto terá, antes de mais, um impacto muito importante na indústria da UE, porque vamos patrocinar a produção de armas. Por um lado, vai dar mais apoio a certas empresas, as do armamento, em detrimento de outras empresas", explicou o belga Marc Botenga, em declarações à euronews.

"Por outro lado, certas empresas, as que poderiam produzir, por exemplo, aviões Canadair de combate a incêndios, serão empurradas e encorajadas a produzir armas. Não é esse o tipo de Europa que queremos", disse, ainda.

A presidente da Comissão Europeia apoia a ideia de usar lucros resultantes dos ativos financeiros russos congelados para comprar equipamento militar para a Ucrânia, mas a medida é controversa no âmbito do direito internacional.

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