Fundador da WikiLeaks poderá recorrer da extradição para os EUA, onde enfrenta acusações de espionagem.
A justiça britânica adiou esta terça-feira a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, garantindo ao fundador da WikiLeaks autorização para recorrer da sentença e pedindo novas garantias aos EUA.
Se a possibilidade de recurso tivesse sido negada, Assange poderia ter sido extraditado para os Estados Unidos, onde enfrenta acusações de espionagem, em poucos dias.
Durante uma audiência de dois dias, os advogados de Assange argumentaram que as acusações da justiça norte-americana, relacionadas com a divulgação por Assange e pela WikiLeaks de milhares de documentos diplomáticos secretos norte-americanos - ligados às guerras no Iraque e Afeganistão - são politicamente motivadas. Defenderam ainda que o pedido de extradição de Assange era ilegal.
Os dois juízes de um tribunal londrino decidiram que os advogados de Assange tinham conseguido construir um caso defensável e que deveriam ter a oportunidade de o apresentar. Também alegam que, se for extraditado, Assange poderá ser acusado de crimes sancionados com a pena de morte e que nada permitirá impedir que esta pena lhe seja imposta.
Assim, marcaram nova audiência para o dia 20 de maio e vão pedir novas garantias aos EUA sobre o que acontecerá ao fundador da WikiLeaks. Se os norte-americanos não satisfizerem as condições solicitadas, o recurso será deferido e Assange não será extraditado.
Julian Assange está detido no Reino Unido desde 2019 e é procurado pelas autoridades norte-americanas por ter divulgado documentos classificados em 2010 e 2011.
Em 2022, o Supremo Tribunal do Reino Unido manteve a decisão tomada por uma instância inferior que decidiu pela extradição do fundador da WikiLeaks, desvalorizando os relatórios que indicavam que as fracas condições de saúde mental de Assange poderiam levá-lo a tentar o suicídio numa prisão norte-americana. A ordem de extradição de Assange foi então confirmada pelo Governo.