O desafio das necessidades médicas não satisfeitas na UE: o caso da demência

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Não se conhece a cura para a Alzheimer, a forma mais comum de demência. Os medicamentos existentes na Europa ajudam apenas a tratar os sintomas relacionados com a memória e o comportamento.

Em 2015, Gerry Paley, funcionário público reformado, começou a sentir-se e a agir de forma diferente. Tinha 59 anos.

"Esqueço-me das coisas. Tinha de ir a um sítio para transmitir uma mensagem e não me lembrava da mensagem", contou à euronews Gerry Paley.

"Ele fica ansioso com as coisas. Perdeu a confiança. Eu diria que ele já não tinha a certeza do que estava a fazer. Cometia grandes erros ao fazer as coisas. Faltavam-lhe coisas muito lógicas", explicou a mulher, Nuala Paley.

Uma doença em progressão

Cerca de 8 milhões de cidadãos da União Europeia vivem com demência. Prevê-se que este número quase duplique até 2050. A doença não tem cura. A terapia passa por uma série de atividades diárias destinadas a melhorar a qualidade de vida.

A euronews visitou um centro que presta serviços a cerca de 30 pessoas que vivem com demência.

"As pessoas que sofrem desta doença podem viver até 25 anos. Por isso, querem ter qualidade de vida. Recomendamos sempre que as pessoas consultem o seu médico de seis em seis meses e façam um check up médico. Por vezes, nós próprios aqui percebemos que isso é necessário e podemos recomendar às pessoas que consultem os profissionais de saúde.", frisou Mary Hickey, diretora, do The Orchard Respite Centre.

Comissão Europeia quer apoiar criação de novos medicamentos para a demência

O desenvolvimento de terapias capazes de prevenir ou retardar a progressão da demência é uma área de investigação ativa, com medicamentos promissores atualmente em desenvolvimento. Mas as descobertas relevantes ainda são difíceis de alcançar.

A Comissão Europeia propôs um quadro jurídico para incentivar os criadores de medicamentos a investir mais nas chamadas "necessidades médicas não satisfeitas", como a doença de Alzheimer. O principal incentivo é um período adicional de 6 meses de proteção de dados para esses produtos. A iniciativa inclui ainda um apoio científico e regulamentar reforçado.

"O que temos de fazer, em última análise, é apoiar a inovação, esse apoio irá beneficiar os doentes com doenças difíceis como a doença de Alzheimer e outras. E é preciso garantir que estamos constantemente a desenvolver novos medicamentos", afirmou Stella Kyriakides, Comissária Europeia para a Saúde e Segurança Alimentar.

É fundamental garantir o acesso dos doentes aos medicamentos

Uma das prioridades é garantir o acesso dos doentes aos medicamentos. "Não vale a pena termos estas oportunidades se os nossos sistemas de saúde na Irlanda e em toda a Europa não estiveram preparados para tirar partido desses desenvolvimentos. Porque o acesso a esses medicamentos será muito caro para as pessoas. Por isso, temos de pensar como é que os vamos pagar, como é que vamos manter os sistemas de saúde preparados. E este trabalho tem de começar agora", frisou Cormac Cahill, diretor  Investigação, da Alzheimer Society of Ireland.

Pacientes e famílias esperam que a investigação dê frutos

"A doença devia ser diagnosticada mais cedo por exemplo, se formos ao médico em crianças e a doença estiver a progredir, o médico devia ser capaz de ver se alguma coisa mudou na pessoa e, tratá-la mais cedo em vez de deixar agravar a doença quando formos mais velhos. Quando é demasiado tarde, tudo o que se pode fazer é tomar a medicação para nos mantermos... num determinado nível. Se pudéssemos ter uma medicação adequada, poderíamos resolver o problema", concluiu Gerry Paley.

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