PME da Europa são as super-heroínas do medicamento mas pedem mais apoio face à concorrência global

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"20% dos produtos que autorizamos na Europa são desenvolvidos por PME", disse à euronews a diretora da Agência Europeia de Medicamentos. O setor pede mais apoios para poder aumentar inovação.

A euronews visitou um laboratório, na cidade francesa de Marselha, que desenvolve tratamentos inovadores contra o cancro.

A empresa composta por duzentos trabalhadores realiza investigação no domínio da imunoterapia do cancro, que visa induzir o sistema imunitário a reconhecer e eliminar as células tumorais.

Ainvestigação em  imunoterapia do cancro

"Estimulamos o sistema imunitário, que é um conjunto de defesas do organismo contra vírus, bactérias e também contra o cancro. Tentamos estimular o sistema imunitário para que ele possa combater o cancro, aliás, combater todos os cancros, leucemias, linfomas ou tumores sólidos", explicou à euronews Eric Vivier, diretor científico da empresa francesa Innate Pharma.

A inovação: um caminho longo e sinuoso

Fundada em 1999, a empresa francesa está a desenvolver vários tratamentos oncológicos. Um desses tratamentos, contra o cancro do pulmão, está na fase 3 dos ensaios clínicos, não muito longe da autorização final. 

Tal como noutras pequenas e médias empresas europeias do setor do medicamento, o objetivo final é conseguir inovar. Mas o caminho é longo.

"O desenvolvimento de um medicamento é um processo muito longo. Na maioria dos casos, dura uma dúzia de anos. Trata-se de um processo complexo. Um produto que sai da fase pré-clínica e que vai para o mercado custa, no mínimo, mil milhões de euros. É um processo arriscado. O risco de falharmos é extremamente importante. Em cem moléculas selecionadas, há quatro ou cinco que chegam ao mercado", frisou Mondher Mahjoubi, diretor executivo da Innate Pharma.

UE perde terreno face a outras superpotências inovadoras

A área da inovação farmaceutica na Europa representa cerca de 37 mil milhões de euros de investimentos anuais em investigação e 800 mil empregos diretos. Mas, a União Europeia tem perdido terreno em relação a outras superpotências inovadoras.

Comissão Europeia propõe incentivos regulamentares para as PME do setor

Para inverter a tendência, a Comissão Europeia propôs novos incentivos regulamentares para que as pequenas e médias empresas encontrem um ecossistema de investimento mais simples, mais acessível, flexível, e rentável.

No âmbito da criação de medicamentos de terapias avançadas, a reforma europeia propõe o reforço do apoio regulamentar à Agência Europeia de Medicamentos, sedeada nos Países Baixos.

A diretora da instituição afirma que estão a ser feitas melhorias para garantir que as inovações se traduzam em produtos reais para os doentes.

"Tentamos analisar as tendências. Tentamos antecipar o que poderá acontecer e colocamos questões: será que estamos preparados para essa situação? Será que o sistema regulamentar está preparado ? Temos as competências adequadas? Trata-se de algo necessário ou de uma necessidade médica não satisfeita? Tentamos envolver-nos o mais cedo possível com os criadores. E mostrar-lhes a direção certa através das chamadas reuniões de prospeção de negócio, sobre as ideias que estão a chegar. Temos também a Innovation Task Force. Convidamos as pessoa que têm uma ideia nova a vir ter connosco, para discutirmos e nós tentamos dar conselhos sobre o caminho a seguir", acrescentou a diretora da EMA.

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Emer Cooke, Diretora da Agência Europeia de Medicamentoseuronews

Há margem para melhorias e decisões mais ousadas

A Federação Europeia das Associações e Indústrias Farmacêuticas afirma que há margem para melhorias e exige medidas mais ousadas.

"A Europa perdeu cerca de 25% do investimento global em investigação e desenvolvimento nos últimos vinte anos para os Estados Unidos e para a China. Se quisermos recuperar esse investimento, temos de dar aos investidores condições de previsibilidade e atratividade e, neste momento, a Europa não está nessa situação, o que é muito preocupante. Porque o sítio onde a investigação decorre é importante. Porque a investigação significa ensaios clínicos. Significa que os doentes têm acesso imediato aos medicamentos. Significa que todo o sistema de saúde se habitua à inovação", frisou Nathalie Moll, diretora da Federação Europeia das Associações e Indústrias Farmacêuticas.

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Nathalie Moll, diretora da Federação Europeia das Associações e Indústrias Farmacêuticaseuronews

Um trabalho com resultados a longo prazo

Os investigadores do laboratório de Marselha esperam que o longo esforço para criar um novo tratamento contra o cancro do pulmão dê frutos em breve. "Estamos na fase final. Estamos a testar, num número muito elevado de doentes, a eficácia de uma molécula que produzimos há anos. Estamos a aguardar os resultados nos próximos meses. Mas trata-se de um trabalho a longo prazo", explicou o diretor científico da empresa francesa.

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