Presidente do Conselho Europeu alerta para "horas críticas" nos ataques Israel-Irão

Presidente do Conselho Europeu Charles Michel
Presidente do Conselho Europeu Charles Michel Direitos de autor Dario Pignatelli/
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De  Shona MurrayMared Gwyn Jones, Isabel Marques da Silva (Trad.)
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Artigo publicado originalmente em inglês

O Presidente do Conselho Europeu espera que a aparente retaliação israelita contra o Irão, na sexta-feira, ponha fim à recente escalada entre os dois países. Charles Michel alerta que as próximas "horas e dias" serão críticos, numa entrevista à Euronews.

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"O que é importante é a intensidade da reação", disse Charles Michel, numa entrevista à Euronews, sexta-feira de manhã, em Bruxelas. "É muito importante observar (o que pode acontecer) nos próximos dias se, de facto, é possível voltar a uma situação com mais estabilidade e evitar mais riscos e mais tensõe", acrescentou.

A entrevista ocorreu poucas horas depois de o Irão ter ativado as suas defesas aéreas perto da cidade central de Isfahan, alvo de um suposto ataque de retaliação por parte de Israel, alimentando novamente os receios de um conflito regional mais vasto.

O ataque aconteceu apenas seis dias depois de o Irão ter lançado cerca de 300 drones e mísseis de cruzeiro e balísticos, no seu primeiro ataque direto contra território israelita. Um ataque que foi explicado como retaliação pelo ataque aéreo israelita contra o consulado iraniano em Damasco, que matou sete membros da Guarda Revolucionária Islâmica.

"Quero ser muito cauteloso e cuidadoso, mas espero sinceramente que o que aconteceu (...) seja o fim dessa história", disse Charles Michel.

Apelos no vazio?

A comunidade internacional, e em particular os aliados ocidentais de Israel, têm apelado ao governo de Benjamin Netanyhau que não retalie, mas o primeior-ministro sempre disse que estava a ponderar fazê-lo.

Já o governo de Teerão parece ter minimizado o ataque de sexta-feira, com um funcionário iraniano a indicar que não existia qualquer plano "imediato" para novas represálias.

De acordo com as autoridades norte-americanas, este mais recente ataque contra um centro nuclear e uma base aérea importante iranianos foi lançado por Israel, mas há relatos contraditórios sobre a natureza e a escala da ofensiva. 

Temos a responsabilidade, porque somos amigos de Israel, de dar conselhos e dizer-lhes o que pensamos.
Charles Michel
Presidente, Conselho Europeu

O incidente apanhou o Ocidente desprevenido já que havia entendimento de que o governo de Benjamin Netanyahu não responderia até depois do feriado judaico da Páscoa.

O ministro israelita da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, escreveu uma palavra na rede social X: "Fraco", indicando profundas clivagens no seio do gabinete de guerra de Netanyahu quanto à escala e intensidade da resposta de Israel ao ataque do Irão do passado sábado.

Questionado sobre os comentários de Ben-Gvir, Chales Michel disse: "Há um debate político, suponho, no seio do governo em Israel. Trata-se de uma coligação, que discute e toma decisões".

"Mas temos a responsabilidade, porque somos amigos de Israel, de dar conselhos e dizer-lhes o que pensamos", acrescentou.

Isolar o Irão e manter o foco em Gaza

Michel também apelou a que as tensões entre o Irão e Israel não desviem a atenção da tragédia humanitária na Faixa de Gaza, reiterando o apelo conjunto dos líderes da UE a um cessar-fogo e a um acesso humanitário sem entraves, bem como ao regresso imediato dos reféns israelitas detidos pelo Hamas desde 7 de outubro.

O presidente do Conselho Europeu também prometeu que o bloco agiria rapidamente para impor sanções ao regime iraniano, a fim de limitar ainda mais a sua capacidade de lançar ataques como o de sábado passado.

Bruxelas pretende alargar o atual regime de sanções contra a tecnologia de drones iranianos, também conhecidos como veículos aéreos não tripulados (UAV), que Teerão vende à Rússia para usar na guerra na Ucrânia, para incluir a produção de mísseis e para cobrir os seus representantes na região.

O grupo militante Hezbollah, apoiado pelo Irão mas sedeado no Líbano, tem estado em constantes escaramuças na fronteira norte de Israel, itensificadas desde a guerra em Gaza. Os Houthis, movimento rebelde do Iémen apoiado pelo Irão, têm atacado navios ocidentais no Mar Vermelho, alegando que é uma retaliação pela guerra no território palestiniano.

A UE pondera colocar o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC) na lista das organizações terroristas, mas é uma questão juridacamente mais complexa do que as sanções.

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O bloco está a avançar mais lentamente do que outros parceiros ocidentais, com os EUA e o Reino Unido a coordenarem novas sanções contra o Irão, na passada quinta-feira.

"As sanções não têm um efeito imediato", reconheceu Michel, "mas queremos enviar um sinal ao Irão de que não aceitamos este comportamento".

"Este comportamento é uma ameaça para a estabilidade na região (...) Mas é também uma ameaça para nós. Podemos ver como o Irão está a usar grupos  como os Houthis, por exemplo, colocando a segurança marítima em perigo", continuou, "e isso tem um impacto a nível internacional, incluindo em termos de cadeias de abastecimento".

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