Ministro alemão do Interior: "Os imigrantes que não precisem de proteção devem abandonar o nosso país"

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O ministro alemão do Interior está a braço com a crise dos refugiados. A jornalista Kirsten Ripper entrevistou Thomas de Maizière, em Berlim, para

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O ministro alemão do Interior está a braço com a crise dos refugiados. A jornalista Kirsten Ripper entrevistou Thomas de Maizière, em Berlim, para perceber que soluções a Alemanha defende para enfrentar a vaga de imigrantes que está a chegar à Europa.

Euronews: Nunca nos anos anteriores tantos requerentes de asilo quiseram vir para a Alemanha. Espera 800 mil este ano. Como pretende acolher e ajudar estes refugiados?

Thomas de Maizière: Este é um número notável. É quatro vezes superior ao do último ano. 43% dos que requerem asilo à Europa vêm para a Alemanha. Isto é um grande desafio, mesmo para um país bem organizado e rico como a Alemanha. Precisamos de medidas nacionais, mas também de medidas europeias. No que respeita às medidas nacionais, temos um grande desafio para conseguir providenciar alojamento decente. Queremos transferi-los de tendas para edifícios durante o Inverno. Vamos acelerar o processo. Só em julho, houve cerca de 83 mil pessoas que chegaram à Alemanha, e em agosto, que ainda não acabou, esperamos entre 90 mil e 100 mil. Na semana passada, tivemos mais de 25 mil numa semana, um número elevadíssimo.

E: E como justifica este aumento súbito?

TM: Na rota do sul – que é Líbia, Mediterrâneo-Itália – temos um aumento de 5 a 10% comparado com o ano passado, mas na rota dos Balcãs há uma subida de mais de 600 por cento.

E: Na Alemanha há vontade de receber estas pessoas?

TM: Por agora a vontade ainda é muito grande. Eu acredito que a aprovação da população pode ser conseguida, se duas coisas ficarem claras. Primeiro, devemos distinguir entre aqueles que verdadeiramente precisam de proteção e aqueles que não necessitam. O procedimento deve ser justo, mas aqueles que não precisam, devem abandonar o país. Segundo, deve haver uma distribuição justa através da Europa. E a longo prazo, até um país rico como a Alemanha pode ter dificuldades para lidar com um grande número de imigrantes.

E: O que quer fazer de maneira diferente? Como é que a União Europeia pode organizar-se?

TM: No que respeita à Europa, o Conselho dos meus colegas, mas também a cimeira decidiu que na Grécia e em Itália haverá os chamados hotspots, que são grandes áreas de admissão onde se vão fazer os primeiros controlos, para ver se a proteção será concedida ou não.
Além disso, precisamos de conversações mais intensas com a Turquia. Este país está a gerir muito bem a admissão de refugiados na fronteira com a Síria, mas na área de Izmir, há muitos milhares de pessoas, centenas de milhares à espera de partirem para a Europa. Mesmo aí penso que podemos precisar de usar fundos europeus para construir um grande campo de refugiados para decidir quem é que pode entrar na Europa.

E: O seu ministro gravou um vídeo para tentar dissuadir os requerentes de asilo dos Balcãs de virem para a Alemanha. Tem sucesso com isto? Como é que isto deve funcionar?

TM: Se um país é candidato a membro da União Europeia ou parceiro da NATO, se há leis democráticas, então não há razão para pedir asilo à Europa. Isto não é aceitável e não se pode culpar a Europa por isso.

E: Também se refere ao Kosovo?

TM: Sim, ao Kosovo e à Albânia. Os seus governos pedem-nos para que façamos tudo para que os jovens não abandonem o país desta maneira. E eu imagino que respondemos que não precisam de vir pedir-nos asilo, porque não é o caso, mas que podem vir para trabalhar, como imigrantes.

E: Quer criar propostas concretas para os imigrantes em geral, independentemente da origem, ou só de alguns países?

TM: Refiro-me aos Estados dos Balcãs Ocidentais. Podem ser jovens que queiram ser aprendizes, que precisam de um contrato de trabalho com uma empresa alemã. E depois, normalmente, podem vir como trabalhadores imigrantes.

E: E quer mais tolerância na Alemanha para esses imigrantes ilegais?

TM: Temos uma elevada percentagem de estrangeiros – que varia de região para região. Não vejo um grande problema na aceitação de estrangeiros que trabalham aqui, pagam impostos, que estão numa situação legal e cumprem as leis alemãs. Somos um país de imigração. Precisamos de mão-de-obra.

E: Portanto, acha que não é preciso fazer nada contra aqueles que protestam, que estão a queimar dormitórios? Mas a xenofobia e a imagem da Alemanha que corre o mundo é dramática…

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TM: Há muito a fazer.. Temos uma subida significativa de crimes com uma motivação política à Direita: insultos, ódio, violência contra requerentes de asilo, contra instituições para requerentes de asilo. Nos primeiros seis meses deste ano tivemos mais crimes destes do que em todo o ano passado. Nos últimos dias o problema agravou-se. Opomo-nos a isso politicamente, mas também com a dureza da Lei. Podemos discutir ou discordar da política de asilo num país livre, mas não há de todo razão para atacar ou ofender pessoas que estão aqui.

E: Com que medidas pretende combater aqueles que se juntam ao Estado Islâmico, o movimento que faz as pessoas fugirem da Síria?

TM: É um novo fenómeno que há um ou dois anos nos preocupa. Mais de 700 alemães ou pessoas que estavam integradas na sociedade ou que cresceram aqui têm-se radicalizado e ido para estas regiões, para matar ou participar nestes crimes. Cerca de cem foram mortos. Um terço regressou à Alemanha.
Frequentemente, a sociedade não presta atenção suficiente a uma parte importante da juventude que ameaça fugir do nosso controlo e precisamos de enfrentar esta preocupação de maneira intensiva, com medidas policiais e judiciais.

E: Qual é o ministério ideal para si? Foi ministro da Defesa. Agora é ministro do Interior. Quer ser chanceler?

TM: Não há um ministério ideal. Cada ministério tem aspetos positivos e negativos. Os ministérios encarregados da Segurança são mais complicados, mas eu gosto disso.

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E: Gosta desse lado difícil?

TM: De certa forma, o treinador colocou-me sempre onde os problemas estão e ela deve estar consciente disso.

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