Deputado Enis Berberoğlu é acusado de "revelação de segredos do Estado e de espionagem."
Numa decisão considerada por alguns como “política” e “própria de uma ditadura”, a justiça turca condenou, esta quarta-feira, a 25 anos de prisão, o deputado Enis Berberoğlu por alegada “revelação de segredos do Estado e espionagem.” Trata-se do primeiro parlamentar da oposição social-democrata sentenciado a uma pena deste tipo. O Partido Republicano do Povo (CHP) revelou que vai recorrer.
“Estimados colegas de partido, camaradas, amigos, esta não é primeira vez que estou num tribunal. Em várias ocasiões vimos a justiça ser chacinada neste edifício que é apenas um tribunal de nome. Não tem nada a ver com um tribunal ou com a justiça”, disse Enis Berberoğlu, deputado do Partido Republicano do Povo.
Esta quarta-feira vários elementos do CHP, a principal formação da oposição, protestaram contra o veredicto no Parlamento turco, mas também estão prometidas manifestações nas ruas.
LATEST: Main opposition CHP to march to Istanbul from Ankara to protest MP Berberoğlu’s arrest: Report https://t.co/qxeRrNXGD7pic.twitter.com/8DxPKVchyl
— Hürriyet Daily News (@HDNER) June 14, 2017
Para sustentar a tese de “revelação de segredos de Estado”, Berberoğlu, que não ocupava funções de deputado na altura das revelações, é acusado de ter transmitido ao diário “Cumhuriyet” material de vídeo proveniente das forças de segurança turcas.
Neste caso estão também a ser julgados os jornalistas Can Dündar, exilado na Alemanha, e Erdem Gül, responsáveis do diário aquando da polémica divulgação.
Em causa estão imagens publicadas pelo jornal em 2015 – ainda que referentes a um incidente de janeiro de 2014 – em que se veem armas em um dos camiões escoltados pelos serviços secretos turcos e que transportavam oficialmente ajuda humanitária para a Síria.