O cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, começa a ser julgado esta segunda-feira, acusado de não denunciar abusos sexuais cometidos contra jovens escuteiros por padre da sua diocese
Os casos de pedofilia na Igreja Católica em França chegam esta semana aos tribunais.
O cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, comparece a partir desta segunda-feira no banco dos réus, acusado de esconder os abusos sexuais cometidos por um padre da sua diocese.
Stephanie Morbois, euronews: "É aqui, no Tribunal Correccional de Lyon, que terá início o julgamento do cardeal Barbarin e de outros cinco ex-líderes da diocese, acusados de não denunciarem abusos sexuais cometidos por um padre contra jovens escuteiros, entre 1986 e 1991. Um processo bastante aguardado, que deverá prolongar-se até quarta-feira."
A euronews foi ao encontro de François Devaux, antiga vítima do padre Bernard Preynat, que ajudou a fundar em 2015 a associação "La Parole Libérée" - "a palavra libertada", em português -, responsável pela revelação deste caso.
François Devaux: "O trauma pode não ser definitivo, mas é claro que altera uma existência. É inegável, mesmo para os que tiveram melhor sorte - dos quais penso fazer parte -; a minha vida ficou marcada para sempre e o meu envolvimento hoje é a prova. O cardeal Barbarin é um litigante como qualquer outro e deve ser julgado pelos seus atos. Não há sentimentos, nem cólera, há apenas a necessidade de que, amanhã, outras crianças não revivam o que constatámos, nem o horror que isso suscitou."
Contactados pela euronews, os advogados de Barbarin afirmaram que nenhuma declaração seria feita antes da abertura do processo. No auge do escândalo, que veio a público em 2015, o cardeal chegou a reconhecer os erros e a pedir perdão às vítimas dos abusos.