Matteo Salvini surpreendeu o governo italiano, ao querer por fim à coligação a que pertence e pedir eleições antecipadas.
Itália vive dias agitados. A terceira economia da Zona Euro está a ser abalada pela instabilidade política, depois de, esta quinta-feira, Matteo Salvini ter ditado o fim da coligação e pedido eleições antecipadas. Um passo que o líder da Liga está disposto a dar, quando se sabe que o partido que lidera surge à frente nas intenções de voto.
A última gota na relação sempre conturbada do executivo foi originada pela ligação ferroviária entre Lyon e Turim, que a Liga quer ver concretizada, mas que mereceu o veto do Movimento 5 Estrelas. Durante um comício, Matteo Salvini explicou ao público presente as razões para a querer por um fim definitivo ao governo em funções.
"Desde há alguns meses tivemos muitos 'nãos'. Não à autonomia, não ao comboio de alta velocidade, não à reforma da justiça, não à pesquisa de petróleo ... um não, dois nãos, três nãos, tudo bem, mas eu não ocupo o meu cargo para manter o país parado. Em vez de o ter parado, prefiro dar voz ao povo italiano. Que seja o povo italiano a dizer o que devemos fazer. Não estou aqui para ganhar a vida", afirmou.
A decisão do ministro do Interior foi já criticada pelo primeiro-ministro italiano. Depois de um ano a mediar as diferenças na coligação, Giuseppe Conte exige esclarecimentos, declarando que "cabe ao ministro do Interior, enquanto senador e líder da Liga, explicar ao país e justificar aos eleitores que acreditavam na perspectiva de mudança, as razões que o levaram a interromper abruptamente a ação do governo. (...) Ao Parlamento e, portanto, a todos os italianos, temos de dizer a verdade e não podemos esconder-nos atrás de declarações retóricas e frases mediáticas".
Também o líder do Movimento Cinco Estrelas parece ter sido apanhado de surpresa pela decisão do parceiro de coligação e condena a atitude de Salvini e a "situação surrealista*.
Luigi Di Maio contou que "o ministro Salvini, depois de ter passado duas semanas na praia, veio a Roma apenas para derrubar o governo, acusando os parlamentares de não trabalhar".
Cabe agora ao parlamento italiano confirmar o fim da maioria parlamentar. Se for confirmado, o presidente Sergio Mattarella terá de decidir se dissolve o Parlamento e pede novas eleições. Um cenário que levará Itália a ser gerida por um governo transitório até voltar às urnas, apenas pouco mais de um ano depois das últimas legislativas.