Jair Bolsonaro apoia defensores de uma intervenção militar no Brasil

Jair Bolsonaro discursa diante de uma manifestação anticonstitucional em Brasília
Jair Bolsonaro discursa diante de uma manifestação anticonstitucional em Brasília Direitos de autor AP Photo/Andre Borges
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De  Francisco Marques com AP, AFP
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Presidente do Brasil discursa diante de um grupo de manifestantes com exigências anticonstitucionais, incluindo o regresso de uma polémica lei da ditadura militar

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O Presidente do Brasil participou este domingo num protesto em Brasília, por ocasião do Dia do Exército, onde era pedida uma intervenção militar e o regresso do AI-5, um decreto emitido pela ditadura militar vigente no país no final dos anos 60.

Uma vez mais a surgir em público sem respeitar as recomendações de saúde contra a Covid-19, inclusive tossir sem proteger a boca, Jair Bolsonaro parou diante dos manifestantes, que envergavam cartazes antidemocracia onde se lia por exemplo "intervenção militar com Bolsonaro no poder".

O chefe de Estado cumprimentou o grupo e discursou, empoleirado num veículo, sem se preocupar em manter o distanciamento social de quem o acompanhava.

Sem referir a pedida intervenção militar, o Presidente disse "acreditar" em que estava ali, na manifestação, e que quem estava ali acreditava no Brasil. A mensagem era clara.

Todos no Brasil têm de entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro. Tenho a certeza, todos nós juramos um dia dar a vida pela pátria e vamos fazer o que for possível para mudar o destino do Brasil. Chega da velha política.
Jair Bolsonaro
Presidente do Brasil

No final da semana passada, Jair Bolsonaro impôs a troca do ministro da Saúde após semanas de discordância com o anterior titular da pasta, Luiz Henrique Mandetta.

Na tentativa de ter mais apoio na tutela para afrouxar as medidas contra a pandemia, o Presidente nomeou para a Saúde o oncologista e empresário Nelson Teich, que já havia sido consultor da campanha presidencial em 2018 e feito parte do governo como assessor.

O objetivo de Jair Bolsonaro é acabar com o distanciamento social imposto pelo anterior ministro da Saúde e reativar tão rápido quanto possível a economia do país.

O presidente tem contado com o apoio de diversas manifestações pelo país, com milhares de pessoas a concentrarem-se nas ruas pelo fim do confinamento social e laboral.

A oposição ao presidente tem-se manifestado à janela, nomeadamente batendo tachos e panelas como aconteceu quinta-feira após a troca de ministros da Saúde.

O Presidente insiste em contrariar as recomendações de saúde contra a epidemia e promover o fim do distanciamento social apesar da tragédia provocada pelo novo coronavírus estar a agravar-se rapidamente pelo Brasil.

De acordo com a atualização de domingo à noite, houve mais 115 mortes associadas à Covid-19, elevando o total de óbitos no âmbito da epidemia para as 2.462 mortes (um aumento de 4,9%).

O número de infeções no país aumentou mais de 100% no espaço de uma semana, ultrapassando já os 2.400 casos confirmados.

São Paulo continua a ser, de longe, o estado mais afetado pela tragédia com1.015 mortes e mais de 14.200 casos de infeção. O Rio de Janeiro é o segundo, com quase 4.800 infeções e mais de 400 mortos.

Outras fontes • Agência Brasil, Globo

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