Os Estados Unidos viveram, na última noite, um episódio triste e inédito na sua história.
Os Estados Unidos viveram, na última noite, um episódio inédito com a invasão do Capitólio por parte de uma multidão de apoiantes do presidente Donald Trump, enquanto lá dentro decorria a contagem e validação dos votos do colégio eleitoral. Os distúrbios fizeram pelo menos quatro mortos, segundo a polícia de Washington.
Só ao cair da noite a Guarda Nacional e as unidades antimotim das polícias estaduais do Maryland e da Virgínia chegaram ao local para repor a ordem. Ao início da tarde, pela hora norte-americana, os poucos polícias presentes, da unidade policial própria do Capitólio, não conseguiram travar os milhares de pessoas, algumas delas armadas, que forçaram a entrada no edifício que alberga as duas câmaras do Congresso. Seguiram-se cenas difíceis de imaginar naquela que já foi vista como a democracia de referência no mundo.
"As palavras de um presidente contam"
As salas de plenário, corredores e gabinetes foram tomados de assalto pelos pró-Trump. Para o presidente eleito Joe Biden, não há dúvidas: A culpa do que aconteceu é do presidente em exercício e foi ele que incitou todas estas pessoas a saírem à rua.
"As palavras de um presidente contam. Não importa se é um bom ou um mau presidente. No melhor, podem inspirar. No pior, podem incitar", disse Biden.
Biden exigiu que o presidente interviesse, o que acabou por acontecer, mas não sem que Trump insistisse na narrativa de que foi vítima de uma fraude eleitoral: "Compreendo a vossa dor. Roubaram-nos estas eleições. Umas eleições que ganhámos por larga maioria. Toda a gente sabe isso, sobretudo o outro lado. Mas agora, têm de ir para casa. Precisamos de paz", disse o presidente em exercício, que ainda acrescentou: "Nós amamos-vos, são muito especiais".
Vários "tweets" enviados pelo presidente em exercício foram eliminados pelo Twitter e Trump teve a conta suspensa durante 12 horas, sob ameaça de a ver cancelada para sempre.
Na sequência destes incidentes, aumenta a pressão para que o vice-presidente Mike Pence use a 25ª emenda constitucional para destituir Trump e ocupar a presidência de forma interina até à tomada de posse de Biden, marcada para o dia 20 de janeiro. A América sustém a respiração à espera do que possa acontecer até lá.