Burocracia excessiva do pós Brexit ameaça famílias britânicas

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De  Francisco Marques com AFP
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Camionistas continuam a ter de esperar demasiado tempo para cruzar a fronteira entre o Reino Unido e a União Europeia. Transportadores podem começar a recusar os serviços

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Os supermercados do Reino Unido começam já a dar sinais da falta de produtos nas prateleiras devido às dificuldades impostas aos transportadores pelas novas regras do Brexit, repletas de papelada e controlos alfandegários.

Os camiões na fronteira do Reino Unido, para entrar na União Europeia e vice versa, continuam a enfrentar dias de espera para resolver as burocracias impostas pelo acordo pós Brexit, agravadas também pelo controlo sanitário exigido contra a propagação da Covid-19.

Para camionistas como o polaco Petar Loba, esta situação "não é boa" porque "implica demasiada papelada e demasiada espera". "Temos de esperar para tudo e isso não é bom", reforça.

A excessiva demora está a levar os agentes de expedição a alertar para a possibilidade de as transportadoras poderem começar a recusar serviços para a Grã-Bretanha e com isso ameaçar o abastecimento de alimentos para as famílias britânicas.

Um desses agentes, John Shirley, explica-nos que "os camionistas são muitas vezes pagos ao quilómetro e, se tiverem de passar a maior parte do tempo parados, como está a acontecer, vão começar a deixar passar as encomendas ou simplesmente informar os chefes de que não querem voltar ao Reino Unido e que apenas vão passar a aceitar serviços dentro da União Europeia".

"É isso que vai acontecer”, antevê este agente de expedição de transportes.

Na ilha vizinha da Irlanda, alguns supermercados da Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido, a falta de produtos já começa a ser uma realidade nas prateleiras devido ao fraco abastecimento oriundo de Inglaterra.

O gerente de supermercado Kieran Sloan conta-nos que tem ficado privado de algumas das encomendas que fez.

Os fornecedores até estão a aceitar os pedidos, mas depois ligam-lhe a dizer que não vão poder fazer a entrega até nova ordem.

“As empresas estão a aceitar as encomendas, mas depois voltam a contactar-nos para informar que não vão poder fazer a entrega até nova ordem", lamenta o gerente do Sawers.

Com a cadeia de fornecimento britânica intermitente, a única opção para estes lojistas norte-irlandeses é continuar a encher as montras com produtos oriundos de Espanha, França e Itália que recebem via Irlanda, numa cadeia protegida especificamente pelo acordo pós Brexit com a União Europeia para a ilha irlandesa.

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