Wuhan quase de volta ao normal um ano após confinamento longo

Residentes de Wuhan aguardam para ser entendidos numa banca de comida
Residentes de Wuhan aguardam para ser entendidos numa banca de comida Direitos de autor AP Photo/Ng Han Guan
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De  Francisco Marques
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Residentes da cidade epicentro da pandemia lembram período difícil quando tiveram de ficar fechados em casa e pedem a vacina com medo do regresso do vírus

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A cidade chinesa de Wuhan, tida como epicentro da pandemia que assola o planeta, assinalou este sábado o primeiro aniversário do início do confinamento que a fechou à circulação interna e externa.

A medida durou 76 dias, um período conturbado já retratado num documentário intitulado "76 Days", estreado em setembro no Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá, com críticas de se tratar de um documentário impressionante sobre a luta dos cidadãos e dos médicos contra a acelerada propagação inicial do SARS-CoV-2.

O confinamento parece ter tido resultados práticos e está a ser celebrado pelo Governo central chinês como o símbolo de uma vitória que teima em não acontecer no resto do país, com vários surtos ainda a acontecer em diversas regiões.

Os números de novos contágios registados pelas autoridades chinesas é relativamente baixo, na casa das poucas centenas (107, anunciados na sexta-feira), quando os Estados Unidos e muitos países europeus continuam a somar várias centenas de mortos todos os dias e milhares de novas infeções.

Um ano volvido sobre aquele 23 de janeiro de 2020, o vírus parece estar praticamente controlado e Wuhan parece ter voltado ao normal, numa altura em que uma equipa da Organização Mundial de Saúde está já na cidade para investigar as origens do SARS-CoV-2.

As pessoas circulam nas ruas. Ainda usam máscara, mas o comércio está aberto. Os restaurantes e a venda de comida na rua funcionam. Existe já inclusive uma exposição dedicada à alegada vitória sobre o vírus em Wuhan.

Liu Haishui, de 40 anos, lembra-se de ter passado "um período muito difícil durante o confinamento".

"Estávamos habituados a circular livremente e de repente tivemos de ficar fechados em casa, sem poder sair. Ficámos assustados, sem saber como iria evoluir a situação", recorda.

Li Zhengning, de 59, assume-se "preocupada com o eventual regresso do vírus a Wuhan". "É melhor se todos formos vacinados. É irritante. Tenho medo de ficar infetado", admitiu.

A pandemia de SARS-CoV-2

O surto deste coronavírus, denominado SARS-CoV-2 e que provoca a doença Covid-19, terá surgido em dezembro num mercado de rua de Wuhan, embora alguns estudos admitam que o vírus circulasse naquela cidade chinesa desde outubro.

O primeiro alerta endereçado à Organização Mundial de Saúde aconteceu a 31 de dezembro referindo o caso de uma pneumonia desconhecida. O primeiro registo na Europa aconteceu a 24 de janeiro, em França, e quatro dias depois dos Estados Unidos.

Médicos em França sugeriram, posteriormente, ter lidado com o primeiro paciente no país com Covid-19 a 27 de dezembro depois de repetirem em abril as análises de exames a antigos pacientes com sintomas suspeitos da nova doença.

De acordo com os registos oficiais, a pandemia entrou em África, pelo Egito, a 15 de fevereiro, e dez dias depois chegou à América do Sul, pelo Brasil. A pandemia bloqueou a maior parte do mundo desde meados de março.

Um ano depois, a pandemia continua em expansão pela Europa e pelas Américas, agora impulsionada por novas variantes mais contagiosas, mas já com vacinas de eficácia superior a 90% a serem administradas em muitos países.

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